Há alguns anos trabalhei na Sun Microsystems, empresa de tecnologia americana, na área de negócios de treinamento e educação. Foi nesta época que meu caminho cruzou pela primeira vez com Kátia Pessanha, que neste período era executiva da IBM no Brasil. Desde o início fiquei encantada com a Kátia e seu trabalho no Programa Acadêmico da IBM. A sua paixão no desenvolvimento de jovens era impressionante. Então, não foi surpresa quando recentemente a reencontrei e soube que atua, desde sua aposentadoria na IBM em 201, como coach na CBS Partners. Kátia praticava o coach executivo desde 2012 na IBM e, quando se aposentou, sentiu-se pronta para apoiar outras mulheres que, como ela, quisessem expandir ao máximo seu potencial. Antes de deixar-lhes sem fôlego ao ler sobre a linda trajetória de Kátia, queria explorar um pouco mais os benefícios de coaching e mentoria. Lembrem-se que em meu último artigo abordei levemente o tema mentoria. Usando as palavras de Kátia: “Coaching é um trabalho em dupla feito entre uma pessoa que quer crescer e outra que vai ajudá-la a desenvolver plenamente seu potencial. Em sessões semanais ou quinzenais, o coach vai ajudá-la identificar seus objetivos mais estratégicos e a montar um plano de desenvolvimento para que você alcance esse objetivo e, sempre fazendo perguntas, vai identificar junto com você quais são as barreiras para esse desenvolvimento. O coach vai ajudá-la a superar suas barreiras internas e a visualizar novos comportamentos mais efetivos. O coach também vai buscar com você atividades para que possa praticar as descobertas de cada sessão no seu dia-a-dia. Mentoria ou tutoria é um processo em que um profissional com mais experiência apóia outro profissional ajudando-o com suas orientações e conselhos.” Em meu caminho profissional tive alguns coaches e também mentores. Inclusive neste momento tenho um mentor. Meu principal objetivo no processo atual de mentoria é obter feedback honesto e orientação que me ajudarão a desenvolver mais minhas capacidades de liderança. Além disso, quero obter uma melhor compreensão dos meus pontos fortes e fracos, e identificar oportunidades internas em minha empresa que correspondam às minhas habilidades, talentos e a criar oportunidades adicionais para o futuro. Viram? Temos que estar sempre buscando aperfeiçoamento. Adoro isso! Bem… vamos conhecer agora um pouco mais a trajetória de Kátia? Kátia é analista de sistemas,e vem de uma família simples. Mas tem vivido aventuras, trabalhado e se divertido muito, conhecido homens e mulheres maravilhosos, e obtido conquistas pessoais e materiais muito positivas nos últimos 30 anos. Qual é sua Formação Acadêmica? Sou pós-graduada em Administração de Empresas com ênfase em Análise de Sistemas pela FECAP e estudei Comunicação Corporativa no Foothill College nos EUA. Minha formação em Coaching Executivo e Coaching de Vida foi no ICI, Instituto de Coaching Integrado em 2012. O que a fez se interessar pela área de tecnologia? Eu vivia no Vale do Silício no início da década de 80 e estudava algumas disciplinas de Comunicação Corporativa no Foothill College, California, EUA, onde assisti a uma palestra sobre Automação de Escritórios. Eu havia sido secretária executiva enquanto fazia faculdade e visualizei como aquelas tecnologias poderiam ajudar os executivos e suas secretarias. Fiz um plano de vida e carreira e escrevi: “Quero implantar Automação de Escritórios no Brasil”. Planejei meu desenvolvimento (cursos, congressos, visitas e estágios) e quando retornei ao Brasil candidatei-me a uma vaga para ser responsável por automação de escritórios na Johnson & Johnson. Na sua visão, qual é o lado positivo de ter carreira em tecnologia? Essa é uma área onde o conhecimento e a competência falam mais alto que qualquer preconceito, há carência de mão-de-obra. Trabalhar em tecnologia é trabalhar com inovação, com a transformação nos negócios, na administração pública, nas ciências, nas artes, em tudo. Essa é uma área onde as competências femininas de liderança podem agregar muito para equilibrar uma visão essencialmente técnica, racional e pragmática. Em sua opinião o mercado de trabalho na área de tecnologia da informação está aquecido? Sim e prosseguirá assim. Se o profissional se mantiver antenado com tendências e continuar estudando, sua empregabilidade será sempre muito alta. Como os empregadores da área de tecnologia veem as mulheres? Existe uma barreira interna que, baseada em estereótipos, faz com que as mulheres não busquem profissões nessa área. Esses mesmos estereótipos fazem com que professores e alunos em cursos de tecnologia também sejam preconceituosos. Se você conseguir passar pela barreira interna da escolha da profissão e pelo desconforto de estudar em um ambiente masculino, vai encontrar empresas buscando mulheres e um mundo de oportunidades com as quais você não sonhava. As empresas na área de tecnologia precisam muito do talento feminino e sabem disso. As áreas de Recursos Humanos dessas empresas têm a missão de atrair e reter mulheres com políticas inclusivas. Você será muito bem-vinda. O que diria para meninas em relação a seguir carreira em tecnologia? Quando trabalhava no Programa Acadêmico da IBM, fazia parcerias com universidades. Projetos do mundo inteiro eram feitos a partir aqui do Brasil e a falta de profissionais qualificados, especialmente mulheres, sempre foram uma barreira para o crescimento desta área e para que mais projetos venham para o país. Juntamente com engenharia, informática é uma das profissões com a menor participação de mulheres e são justamente essas duas áreas as áreas com maior volume e crescimento de número de empregos. Apenas 7% das alunos dos cursos de informática são mulheres. Por que as mulheres não se sentem atraídas por tecnologia? Eu não me espanto. Eu mesma quando tinha 17 anos essa profissão me parecia a coisa mais fria e chata do mundo. Mas saibam que profissões ligadas à informática são as áreas com o maior crescimento previsto para as próximas décadas.Você vai ficar fora disto? Se você acha que os meninos estão anos luz à sua frente porque eles ADORAM joguinhos, monopolizam os computadores da escola, da sua casa, do universo e programam há séculos, saiba que os profissionais de informática mais bem sucedidos não são os que se limitam a serem tarados por computação.
Envolva-se, invista, estude, busque informação, ajuda e não desista. Entrevista com Claudia Braga
Estou maravilhada com a oportunidade de conhecer tantas mulheres que fizeram uma trajetória fantástica e se apoderaram de suas vidas para construir um caminho único em suas carreiras na área de tecnologia. A chance de conhecê-las e promover suas histórias tem sido uma viagem indescritível para mim. É incontestável que nossas meninas têm em seu país mulheres que são modelos inspiradores. Neste artigo vocês conhecerão um pouco mais o percurso de Claudia Braga Amaral, executiva com longa carreira na área de tecnologia, atualmente na Hewlett Packard Enterprise. Quando nos encontramos, Claudia contou orgulhosa do projeto de “Girls in IT”, especialmente um grupo de meninas parte de um programa de Menor Aprendiz, existente HPE. Uma grande oportunidade criada para meninas vivenciarem o ambiente de uma empresa de tecnologia. Questionada sobre o que diria para as meninas em relação a seguir carreira em tecnologia Claudia menciona: “ A primeira coisa que eu recomendo é que conheça e vá saber mais sobre as possibilidades da área. Se puder, buscar experiências que lhe permita vivenciar um pouco do que pode ser esse universo. Ver como tudo isso ecoa em você. Se há empatia. Se sentir que há, evolva-se, invista, estude, busque informação, ajuda e não desista. Ter uma profissão que lhe permita lidar com as suas escolhas é algo extremamente empoderador, e a tecnologia permite isso.” Buscar informação e ajuda é chave. Aqui penso ser importante informar as nossas jovens leitoras que um caminho, entre outros, para orientar-se bem é escolher um mentor ou mentora. Mentoria é um processo no qual o jovem é orientado quanto ao seu desenvolvimento de carreira por um profissional mais experiente que compartilha seus conhecimentos acerca do mercado de trabalho. Que tal você escolher agora seu mentor, sua mentora? Enquanto pensa, se encante e se inspire lendo a fantástica entrevista da Claudia. Aproveite! Qual é sua Formação Acadêmica? Graduação em Análise de Sistemas, PUC de Campinas e MBA, Business School Sao Paulo. Porque escolheu uma carreira na área técnica? Teve influência da família? Na época foi bastante simples, praticamente uma equação matemática. Aos 14 anos fiz um teste vocacional no colégio que demonstrou minha vocação para exatas. Na mesma época participei de uma palestra sobre profissões que apresentou TI como uma das mais promissoras carreiras para os próximos anos, a chamada “profissão do futuro”. Naquele momento estava decidido para mim que seria esta minha escolha para futura profissão. Foi basicamente uma equação: habilidade com exatas + profissão do futuro. Porém, antes de prestar o vestibular, me matriculei em um curso de Cobol, em Santos, com aulas no período da noite. Esta etapa foi importante para saber como funcionava a área e se eu realmente gostaria dela. Até então eu havia estudado apenas em colégio de freiras e no curso de Cobol me deparei com uma sala apenas de homens, na maioria, trabalhadores do porto de Santos, todos investindo na profissão do futuro. Mas optei por não me abstrair do ambiente estranho para mim naquele momento. Por fim, eu adorei o curso, fui a melhor aluna da sala e fiquei 100% segura da minha decisão, que a minha carreira seria na área de tecnologia. O que a fez se interessar pela área de tecnologia? Eu sempre quis ser independente. Eu buscava ter uma carreira que me permitisse crescer e ter uma situação econômica que me proporcionasse tranquilidade. Por isso, desde os 14 anos eu já trabalhava para construir meu futuro profissional. Minha decisão foi totalmente baseada na equação que eu apresentei na pergunta 2, pois eu tinha habilidade para a àrea e ela poderia me dar a ascenção profissional que eu desejava, ou seja, ela combinava com meu sonho. Na sua visão, qual é o lado positivo de ter carreira em tecnologia? Estar conectado com tudo que é o novo e potencialmente transformador para a sociedade, para o mundo. É uma área muito ampla, que fornece um mundo de possibilidades. Atualmente quase todas as áreas e profissões possuem interface com tecnologia. Ela está em todo lugar. Sou grata por ter escolhido tecnologia. Na sua visão, qual é o lado negativo ter carreira em tecnologia? A menos que você não goste de dinamismo e de se sentir desafiado todos os dias com a mudança, com a transformação, não há lado negativo. Como é a carreira em tecnologia para mulheres? Sem dúvida, ainda estamos diante de um universo predominantemente masculino e levará tempo a mudar. Eu nunca me atentei muito para a questão de gênero aplicada à minha rotina de trabalho. Eu conheci ótimas profissionais, fortes e competentes, ainda que poucas, que atuavam em tecnologia e, por isso, nunca pensei que o fato de eu ser mulher seria um entrave em minha carreira, como de fato não foi. Fazendo uma retrospectiva, eu posso dizer que eu tive todas as oportunidades que eu quis e mereci. O fato da Tecnologia trazer tantas e inúmeras possibilidades de atuação traz consigo flexibilidade e oportunidades para os diferentes perfis de mulher e momentos de vida. Há áreas de trabalho que exigem muito a presença física e longas jornadas mas há outras com horários flexíveis, trabalho remoto, que resolvem a maior parte dos problemas que algumas mulheres enfrentam em alguma fase de sua vida. No todo, é uma carreira que exige criatividade, resiliência, liderança, inovação e mais uma lista de habilidades normalmente muito presentes nas mulheres. Logo, pode ser muito atraente e gratificante. Algum fato curioso de sua carreira que gostaria de compartilhar? Tive oportunidade de viver e trabalhar em projetos em países e culturas diferentes. Há muitos anos, participei com meu cliente numa avaliação de duas operações fabris com prejuízo na Tunisia, um país islâmico, com uma cultura muito diferente da nossa. O processo envolveu uma visita de 10 dias para fazer um levantamento com o time local. Eu estava acompanhada de vários executivos homens que tinham suas perguntas respondidas enquanto as minhas apenas eram ignoradas. Ninguém sequer olhava para mim. Foi bastante pesado para mim naquele momento, mas eu precisei me adaptar para concluir