Meu nome é Telma Luchetta. Vivi minha infância em uma cidadezinha no interior de São Paulo, sendo filha caçula de três irmãos, com pais amorosos e muito trabalhadores, que me ensinaram os princípios que carrego até os dias de hoje.

Na nossa casa nunca faltou absolutamente nada, mas tampouco sobrava. Sabia da luta do meu pai para criar três filhos e manter nossa casa. Desde muito cedo já era consciente do valor das coisas, e em meu DNA corria a necessidade de liberdade e independência. Queria conquistar minhas próprias coisas com o suor do meu trabalho e, aos 13 anos, comecei a fazer alguns “bicos”, trabalhos informais, em locadoras e lojas de roupa, o que me levou às minhas primeiras realizações pessoais.

De maneira quase que inconsciente, pois ainda era muito jovem, fiz um esboço mental de tudo o que eu precisaria para chegar aonde eu imaginava que seria o sucesso para mim. No primeiro momento me dei conta que existiam faculdades públicas e privadas. Observava a rotina incessante de trabalho e estudos dos meus irmãos para pagarem as suas universidades e cheguei à conclusão de que precisava entrar em uma universidade pública.

Amante de Exatas, e a essa altura trabalhando em um laboratório de controle de qualidade, o uso de estatística fazia parte da minha rotina. Prestei vestibular para graduação em Estatística, e minha segunda grande realização foi ser aprovada na Unicamp, onde descobri, posteriormente, que era o segundo curso mais difícil de se concluir e o percentual de desistência era de 70%. O que me manteve entre os 30% foi a injeção de resiliência que recebia quase que diariamente de minha mãe, que me lembrava o tamanho esforço que eu havia feito para estar ali e que desistir não era uma opção.

Ter continuado me inunda de orgulho e gratidão, pois hoje a Ciência de Dados possui tal força que praticamente determina o futuro de organizações, sociedades e nações, fazendo desta uma profissão de tendência crescente e de alto impacto. Ainda predominantemente masculina, assim como a área financeira em que também atuo, os desafios existem, mas estar em uma organização que promove o reconhecimento, a celebração e o apoio às mulheres me empodera e me faz ainda mais forte para seguir lutando e trazendo mulheres para a área tecnologia.

Fui a primeira sócia mulher na área de Serviços Financeiros da EY, e isso me enche de satisfação, pois depois de mim vieram várias executivas, o que me faz estar certa de que o sucesso feminino é compartilhado, abre portas para outras mulheres e nos torna referência para outras meninas que estão começando. Por trás de toda história de sucesso sempre há muita luta, determinação e resiliência.

Seguir uma carreira na área de tecnologia significa progressão contínua e aprendizado diário. É estar na vanguarda, promovendo mudanças com valor de longo prazo para o mundo. Significa, de alguma maneira, fazer parte da História.

A palavra de ordem do século é inovação. É quebrar padrões existentes e fazer as coisas de um jeito novo. Para isso, é necessário se despir do medo de tentar. E quer saber de onde eu tirei essa lição? Da minha mãe. Aos 50 anos de idade e divorciada, ela começou uma carreira acadêmica e com pouco tempo após ter sido aprovada no exame da OAB, já tinha seus dois escritórios de advocacia abertos. Mesmo depois de praticamente toda a sua vida ter sido dedicada à família, ela ousou recomeçar.

Meu recado para as mulheres que estão entrando no mercado de tecnologia é: persistam, olhem para a frente. O prognóstico é positivo, o mundo está mudando rápido e as mulheres estão cada vez mais fortes e unidas. Acreditem na força que vocês têm. Realmente, desempenhamos muitos papeis, por vezes somos mães, esposas, profissionais e filhas ao mesmo tempo, mas tudo se acomoda. As turbulências passam, a jornada muitas vezes é cansativa, mas linda, pois nos mostra forças que não sabíamos que tínhamos, mas o fim do arco-íris chega e vale a pena.

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