Se há 25 anos, quando iniciei minha carreira em tecnologia, me contassem que poderíamos acessar todas as informações de uma empresa ou de uma pessoa de qualquer lugar do mundo em segundos, certamente eu não acreditaria. Nem eu nem meus colegas da faculdade de ciências da computação. Afinal, se naquela época internet era coisa rara, imagine falar em cloud ou inteligência artificial?
Nem sempre tive apoio para desbravar o mundo tech, ainda mais em um mercado tido como predominantemente masculino. Mas minha mãe, já visionária desde então, me influenciou nos estudos, dizendo que tecnologia era o futuro do trabalho. Em vez de dar ouvidos aos testes vocacionais, que me apontavam carreiras como arquitetura ou publicidade, segui seu conselho e não me arrependo. Sempre gostei de mudanças e tenho um olhar atento à inovação. E se apaixonar pela área de tecnologia não é difícil quando se tem um interesse genuíno por transformar e um fascínio pelo novo.
Mesmo tendo sido uma ótima aluna na graduação, eu não queria trabalhar diretamente com hardware ou programação. Apesar de os meus amigos falarem que seria um desperdício da minha parte, eu comecei a entender que a tecnologia era muito mais do que a parte estritamente técnica. Tanto que foi por meio dos processos de implementação, sendo key user ou fazendo gestão de mudanças, que eu fui trilhando minha carreira em diferentes setores, como indústria, consultoria, instituições financeiras, farmacêuticas… até chegar à SAP, onde atuo como Industry Value Advisor para a indústria de bens de consumo. Minha função exige entender profundamente o negócio dos clientes, as tendências de consumo e o uso de tecnologia no mercado farmacêutico e de beleza.
Por isso, hoje está mais que provado que a tecnologia vai muito além do técnico. Minha dica é conhecer os processos da sua empresa e o negócio dos seus clientes. E não é uma questão de perfil. Atuar com tecnologia é um horizonte sem fim de oportunidades. Eu, por exemplo, sou uma mulher com muitos sonhos, com princípios fortes, lógica e racional, ao mesmo tempo em que sou super espiritualizada e vaidosa comigo mesma. Você pode ser tímida, arrojada, falar baixinho ou mais alto, que eu acredito que sempre haverá uma função com a qual você se identifique. Muitas mulheres batalharam para ampliar o espaço em que possamos ser nós mesmas em qualquer área de atuação.
Busque as empresas que te interessam, procure saber se elas oferecem programas de formação ou de incentivo à contratação de mulheres. E quando entrar, procure ou crie uma comunidade de apoio, conquiste novos aliados. Há dois anos eu faço parte do Business Women Network, grupo de afinidade de gênero da SAP. E uma das coisas mais importantes que aprendi foi que mesmo se uma mulher não percebe ou não é vítima escancarada de machismo, isso não pode ser motivo para diminuir a dor de tantas outras que passam por isso. É preciso ter empatia, acolher e lutar por mudanças.
Ultimamente, tenho estudado muito sobre autoconhecimento e comunicação não-violenta (inclusive, recomendo os livros A arte da guerra para mulheres, Mulheres ousadas chegam mais longe e Comunicação Pacífica), porque assim como muita gente me inspirou a ser uma boa profissional, eu quero influenciar positivamente a vida de outras pessoas e, para isso, é preciso conhecer suas potências. Quero que um dia alguém diga “sabe a Silvana Fumura? Me inspirei na carreira dela”.
Para saber mais sobre a Silvana, siga-a no Linkedin e no Instagram.
Texto escrito por Renata Murari linkedin https://www.linkedin.com/in/renata-murari-/