“O glass ceiling ocorreu em diversos momentos em que assumi uma responsabilidade maior dentro da companhia. Mas de gerente para gerente sênior, senti que precisava lutar mais por uma promoção. Foi quando precisei me posicionar, falar o que eu queria, e mostrar os resultados do meu trabalho.” - Silvana Xavier

Eu sou mãe da Júlia, de onze anos, e da Luana, de sete anos, casada há dezesseis anos e executiva com mais de vinte anos de experiência no mercado de tecnologia. Meu desejo de trabalhar no setor surgiu devido à influência do meu pai. Sempre fui uma excelente aluna e uma das minhas matérias favoritas era matemática. Sempre tive facilidade com números e, é claro, admirando meu pai e o curso que ele havia feito, decidi que seguiria o mesmo caminho e prestaria vestibular para Administração de Empresas. No entanto, quando compartilhei a notícia com ele, orientou-me que o melhor que eu poderia fazer para o meu futuro seria cursar algo relacionado à computação, pois a tecnologia seria a tendência para os próximos anos. Mesmo sem um computador em casa, animei-me com a ideia e prestei vestibular para Ciência da Computação na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Lá, encontrei minha primeira rede de apoio feminina. Em uma turma com quarenta homens, eu era apenas uma das três mulheres que, juntas, se apoiaram e se formaram em um curso majoritariamente masculino.

Não sofri nenhum tipo de assédio, mas me recordo de um episódio em que acredito que, por ser mulher, fiquei de fora de uma possível oportunidade de iniciação científica, já que o professor responsável não me considerou como potencial candidata ao projeto. No entanto, isso não me parou. Mesmo que um homem não tivesse me enxergado, encontrei outros que me deram a mão e me ajudaram a conquistar algo ainda melhor. Fui incentivada por um de meus professores, que me orientou em um projeto de pesquisa do qual fazia parte. Ele me motivou a seguir com minha vida acadêmica e a tentar um mestrado na UNICAMP. Segui seus conselhos e mudei-me de Campo Grande para Campinas.

Sempre fui uma excelente aluna e uma das minhas matérias favoritas era matemática. Sempre tive facilidade com números e, é claro, admirando meu pai e o curso que ele havia feito, decidi que seguiria o mesmo caminho e prestaria vestibular para Administração de Empresas. No entanto, quando compartilhei a notícia com ele, orientou-me que o melhor que eu poderia fazer para o meu futuro seria cursar algo relacionado à computação, pois a tecnologia seria a tendência para os próximos anos. Mesmo sem um computador em casa, animei-me com a ideia e prestei vestibular para Ciência da Computação na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Lá, encontrei minha primeira rede de apoio feminina. Em uma turma com quarenta homens, eu era apenas uma das três mulheres que, juntas, se apoiaram e se formaram em um curso majoritariamente masculino.

Não sofri nenhum tipo de assédio, mas me recordo de um episódio em que acredito que, por ser mulher, fiquei de fora de uma possível oportunidade de iniciação científica, já que o professor responsável não me considerou como potencial candidata ao projeto. No entanto, isso não me parou. Mesmo que um homem não tivesse me enxergado, encontrei outros que me deram a mão e me ajudaram a conquistar algo ainda melhor. Fui incentivada por um de meus professores, que me orientou em um projeto de pesquisa do qual fazia parte. Ele me motivou a seguir com minha vida acadêmica e a tentar um mestrado na UNICAMP. Segui seus conselhos e mudei-me de Campo Grande para Campinas.

O mestrado me abriu portas. Consegui uma vaga na CI&T como desenvolvedora júnior. Logo de início, minha gestora era uma mulher, o que me incentivou e deu início ao que gosto de chamar de rede de apoio. Mulheres precisam se apoiar. Minha chefe logo percebeu meu potencial. Entrei em um contrato grande que precisava especificamente do meu apoio, o que me deu a oportunidade de demonstrar minhas habilidades. Fui evoluindo dentro da empresa até me tornar liderança técnica.

A CI&T é meu primeiro e único emprego. Estou há dezoito anos na companhia e posso dizer que cresci junto com ela. Tive a oportunidade de ser vista por minhas líderes mulheres. Confesso que, a partir da gerência, senti dificuldade para continuar crescendo na carreira. O glass ceiling ocorreu em diversos momentos em que assumi responsabilidades maiores dentro da companhia. Da posição de gerente para gerente sênior, senti que precisava lutar ainda mais por uma promoção. Foi quando precisei me posicionar, dizer o que eu queria e mostrar os resultados do meu trabalho.

Um momento interessante na minha carreira foi quando recebi uma promoção para executiva. Na época, eu já estava bem, trabalhando em um contrato importante, com grandes desafios. Quando fui convidada para dar mais um passo, inicialmente disse que não queria, pois não me enxergava nesse papel e não achava que era para mim. Para mim, o equilíbrio de vida é fundamental, e eu queria poder equilibrar as responsabilidades da minha família com as do meu marido, pois sentia que ele estava cuidando de 70% das tarefas. Era importante para mim que dividíssemos tudo igualmente.

O tempo foi passando e, nesse mesmo momento na empresa, começou-se a falar muito sobre diversidade e inclusão na CI&T. Nossa vice-presidente, Solange, também me convidou para organizar o grupo de mulheres dentro da empresa, e eu aceitei. Durante minha liderança no grupo, comecei a estudar como as mulheres se comportavam no meio corporativo e me vi reproduzindo muitos dos comportamentos que estava aprendendo.

Um livro que foi um divisor de águas na minha vida chama-se ” Lean In: Women, Work, and the Will to Lead“, de Sheryl Sandberg. A obra dá dicas para mulheres no mundo corporativo e aborda o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Unindo o aprendizado do livro, a experiência no grupo de mulheres da CI&T e o apoio da minha família, tomei minha decisão e aceitei o cargo de executiva. Além de ter sido um passo importante para a minha carreira, entendi que poderia ser uma referência para outras mulheres, sendo uma executiva diferente, que soma competências para transformar o ambiente corporativo.

Acredito que tenho três dicas importantes que compartilho com as mulheres com quem lido:

Reivindique o seu reconhecimento: costumamos dar mérito ao coletivo quando fazemos algo bom, mas é importante dizer “eu construí” ou “foi a minha ideia”. Isso faz diferença em como os outros te enxergam. Colocar nossa assinatura nos resultados é fundamental em uma corporação e para futuras promoções.

Reestabeleça relações de parceria: sempre busquei apoio nas mulheres que encontrei, tanto na faculdade, fazendo trabalhos juntas, quanto no ambiente profissional. Minha troca com mulheres é constante. Porém, também é importante procurar mentorias com homens, para obter diferentes visões que enriquecem nossas carreiras. Devemos criar oportunidades de relacionamento e parceria com todos.

Rede de apoio: é essencial ter pessoas que te apoiem — mulheres e homens que estejam dispostos a te dar a mão.

Na sociedade, ainda há um estereótipo de que as mulheres falam mais alto ou “estouram” mais rapidamente. Eu, no entanto, sou calma, converso sempre em um tom de voz mais baixo e, muitas vezes, prefiro falar apenas no momento oportuno. Lidar com a expectativa de que eu devesse me encaixar em estereótipos exigiu autoconhecimento: entender quem eu sou, meu potencial e como navegar no ambiente corporativo.

Outro livro que me ajudou muito foi ” O Poder dos Quietos“, que aborda a importância das lideranças introvertidas. Nem toda liderança precisa ser extrovertida; líderes introvertidos podem trazer resultados mais consistentes, focando em detalhes que fazem a diferença.

Como líder, dou espaço para que meus liderados sejam eles mesmos, respeitando tanto os que falam menos quanto os que falam mais, compreendendo suas vulnerabilidades e criando empatia. Assim, acredito contribuir para meu time e para a cultura da empresa, criando um ambiente saudável e leve. Liderança humanizada é isso: olhar primeiro para a pessoa.

Sobre ser mulher e ser ouvida, acredito que é fundamental termos cada vez mais consciência da necessidade de reivindicar nossos direitos, falar claramente o que queremos e onde queremos chegar, abrindo caminho não só para nós mesmas, mas também para outras mulheres que estão chegando.

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