Fui a primeira pessoa da minha família a atuar com tecnologia. Minhas referências eram o serviço público e o trabalho informal. Não tive uma influência em casa para essa escolha. Fui movida pela paixão que tenho por tecnologia e por melhorar a vida das pessoas.

Aos 18 anos, no curso de Sistemas da Informação, enfrentei os desafios de toda jovem ao iniciar no mercado, como conciliar trabalhos e estudo e aprimorar minha postura profissional. Afinal, minha autocrítica sempre foi muito grande, e mais do que vista, eu queria ser respeitada nos projetos em que atuei. Porque no final do dia é isto: 50% da obrigação de um profissional de tech é dominar a parte técnica e se atualizar sempre; os outros 50% estão em você desenvolver a comunicação, a resiliência e – não menos importante – entender o business da empresa e a necessidade dos clientes.

A tecnologia cresceu e eu fui junto com ela. Saí de Belo Horizonte há 15 anos para trabalhar em São Paulo, e trouxe minha garra e coragem na mala para dar conta da vida adulta em uma cidade que não para. Era para ser apenas um projeto, mas deu tão certo, que sigo aqui, e hoje sou consultora especialista em SAP para a área de supply chain e compras, um desafio que me demanda estar sempre atualizada e interagindo com muitas pessoas de diversos lugares e backgrounds. Isso é o legal de tech. São tantas as possibilidades de carreira, que você não precisa fazer uma única escolha de vida e seguir na ideia eternamente. Você pode saber java, devops, agile… Ir mais para o lado de gestão ou especialista, haverá sempre lugar para quem quer perseverar. E lutar pelo seu espaço também significa se impor de maneira respeitosa e batalhar para que as empresas sejam lugares efetivamente mais diversos.

Nesses 20 anos de carreira, vejo o quanto avançamos em equidade de gênero. Quando penso na minha faculdade, em que eu cheguei a ser a única aluna em meio a mais de 60 homens, eu vejo que caminhamos uma parte e o quanto ainda é preciso evoluir. Por isso, acredito que é preciso criar uma cultura corporativa que quebre os vieses desde a contratação de novas trabalhadoras (não precisar perguntar se a candidata é casada ou tem filho, por exemplo) até sua permanência na empresa. É preciso ter um ambiente mais acolhedor e seguro, e estender as políticas de benefícios para as famílias. As mudanças nas corporações precisam refletir o que queremos na sociedade. E isso demanda atitude. É mais que treinamento para funcionários. É o comportamento da alta hierarquia também. O walk the talk funciona.

Eu diria às mulheres em tech, em especial às minhas mentoradas, que tenham determinação e não desistam no primeiro problema. Afinal, a tecnologia serve para resolver problemas. Tenha astúcia, busque seu espaço e entregue cada vez melhor. Escolha as suas batalhas e lembre-se de que contra fatos não há argumento. Aproveito para deixar uma dica. Eu gosto muito do livro “Os quatro compromissos”, de Don Miguel Ruiz, queria compartilhar algo que eu tento levar para a vida:

1º compromisso: seja impecável com sua palavra

2º compromisso: não leve nada para o lado pessoal

3º compromisso: não tire conclusões

4º compromisso: dê sempre o melhor de si

E por último: a carreira tech demanda muito de nós. Se descuidarmos, ela toma um pedaço da nossa vida pessoal. Então trabalhe o equilíbrio. Seja bike, ioga, skate, surf ou pilates, eu sempre procuro algo que trabalhe corpo e mente para não adoecer. Busque o que faz sentido para você.

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Texto de Renata Murari -> https://www.linkedin.com/in/renata-murari-/