“Uma família árabe e conservadora e a vontade enorme de conquistar o mundo!” – Manzar Feres, vice-presidente Comercial da Serasa Experian Cresci em uma família árabe e conservadora. Meu pai não teve nenhum filho, sou a filha mais velha e, por isso, fui escolhida para sucedê-lo nos negócios da família. Eles agregaram à minha educação diferentes formas de me preparar para o futuro e, desde muito nova, eu participava das reuniões de Conselho das empresas e tinha até influência em algumas decisões. Pude escolher a faculdade e o que eu queria estudar, mas não esperavam que eu procurasse um emprego após a graduação, afinal, sempre ouvia que “pessoas fracas procuram empregos e pessoas fortes tinham empresas”. Estudei Engenharia Elétrica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e fiz uma pós graduação em Sistemas e Computação. Não foi difícil escolher a minha formação. Sempre senti que a área da tecnologia estava no meu DNA! Matemática e física faziam (e fazem) sentido pra mim. Eu olhava o mundo ao meu redor e tudo se encaixava. Quando pequena, amava as brincadeiras que tivessem alguma lógica. Gostava de entender o todo, como um quebra-cabeça quando as peças vão se juntando e aí tudo aquilo combina. Não gostava de estudar, mas tirava 10 em todas as minhas provas de matemática. É que durante as aulas, qualquer coisa que tivesse coerência era muito simples pra mim. Aos 17 anos tudo que eu queria era construir coisas e resolver problemas. A tecnologia é desafiadora! Está sempre em mudança e essa também é uma característica alinhada ao meu perfil. Sou motivada por assuntos que se transformam e que mudam em grande velocidade. Para mulheres, esses desafios são ainda maiores. Ainda existe uma diferença de aceitação muito grande entre gêneros na carreira de tecnologia, mas a mulher tem que conquistar o seu espaço! Certa vez tive que ouvir que só consegui uma promoção no trabalho porque teria “bons relacionamentos” e, se eu pudesse voltar no tempo, daria um conselho a mim mesma: a autoestima profissional precisa ser cuidada diariamente. Muitas pessoas ao nosso redor vão tentar nos minimizar, mas isso não pode abalar a confiança da nossa própria capacidade profissional. Somos a maior protagonista da nossa vida. Tudo o que conquistei na minha carreira valeram o esforço e a superação. As minhas batalhas me trouxeram até aqui. Eu sou vice-presidente comercial da Serasa Experian desde janeiro de 2015, mas passei por grandes empresas, como IBM e PwC. Hoje, estou pronta para lidar com as novas gerações que já nasceram encarando tecnologia como um meio. Hoje, estou pronta para enfrentar qualquer coisa porque eu sei do meu potencial e eu acredito em mim mesma. Mais sobre Manzar: https://bit.ly/2D1OvCH
Valéria Soska – Diretora Geral da SAP Concur
Equilíbrio: “soube fazer cada escolha da minha vida”, conta Valéria Soska, Diretora Geral da SAP Concur “Equilíbrio” é uma boa palavra para definir minha carreira e vida. No começo é difícil reconhecer e conquistar isso, mas a balança da vida exige estabilidade, firmeza e autocontrole. Eu sempre me identifiquei com as matérias de exatas e portanto fiz matemática com especialização em informática na Universidade Federal do Rio de Janeiro e logo já estava no meu primeiro estágio em programação. Tive a oportunidade de conhecer vários lados da carreira de tecnologia. Fui analista de sistemas, consultora, CIO e finalmente vendas, o que me deu uma visão 360º dos desafios da indústria. Ser mulher e trabalhar nessa área é uma experiência que só sabe quem vive. Mas devo confessar que tive um pouco de sorte também. Sempre encontrei mulheres inspiradoras nesta conciliação e chefes que entendiam a eterna divisão entre o trabalho e ser mãe. Afinal, a tecnologia vira a sua vida. Pela própria característica da indústria, a inovação é uma lição eterna. É aprender que você precisa se reinventar o tempo todo e que somente assim que você sobe de degrau em degrau. É estar aberta ao aprendizado. E você começa a respirar isso e a busca por alguma coisa, que nem sempre sabemos o que é, acaba virando um estilo de vida. Ser mulher em tech é isso: é um estilo de vida. Eu tenho orgulho das minhas escolhas. Tento administrar minha vida pessoal e minha carreira e tomo decisões de acordo com cada momento da minha vida. Me lembro que assim que voltei de licença maternidade, após dar a luz a gêmeos, resolvi que seria melhor me afastar por um ano para me dedicar aos bebes. Quando fui falar com meu chefe (antes de começar meu discurso e defender minhas ideias), ele disse que precisava falar comigo também e me fez uma proposta de promoção. Não tive coragem de falar da minha ideia em me afastar e aceitei a proposta. Foi difícil principalmente porque na época, não tinha tanta certeza sobre minha escolha, mas hoje eu sei que foi a melhor decisão que pude tomar para mim e meus filhos. Sou exemplo e motivo de orgulho para eles e nunca deixei de ser presente, administrando os dois papeis, escolhendo os momentos que deveria avançar e os momentos que deveria ir mais devagar. Ser mulher é um desafio. Trabalhar com tecnologia também. Mas a recompensa é incrível! Não é justo se privar de ter a carreira que gostaria por causa de preconceito ou dificuldades que aparecem no caminho. É uma profissão gratificante e com equilíbrio você consegue conquistar tudo.
Nayla Santos – Chief of Staff SAP Ariba para América Latina
“Em uma família de médicos, meu tio engenheiro foi a minha inspiração” – Conheça Nayla Santos, Chief of Staff SAP Ariba para América Latina Acho muito interessante que na minha família, hoje, todo mundo é médico. Meus avôs são imigrantes europeus e sempre foram comerciantes que, apesar de não terem formação, fizeram de tudo para que seus filhos pudessem estudar. Minha mãe começou com a física e foi professora por bastante tempo. Ainda que gostasse de lecionar, percebeu que essa não era sua verdadeira vocação e, por isso, resolveu cursar medicina. Primeiro, como médica nuclear. Mas depois, por causa da vontade de lidar com pessoas, se especializou em ginecologia obstetrícia e trabalha atualmente com adolescentes e mulheres carentes. Meu tio, minha grande inspiração, era engenheiro eletrônico e todos os sistemas de telefonia da região tem um toque dele. Quando eu era criança, meu pai trabalhava bastante e, como meu tio ainda estudava, era ele quem cuidava de mim. Me dava os melhores presentes e me ensinava as melhores brincadeiras, aquelas “de menino”, sabe? Nós andávamos de bicicleta, empinávamos pipa, brincávamos de autorama… Que saudade. E foi a profissão dele que me incentivou a buscar a tecnologia. Me graduei em administração de empresas em uma turma composta majoritariamente por homens e bastante focada para o mercado financeiro. Acredito que a minha criação como moleque me ajudou bastante nesse momento. Como a formação em administração é bastante ampla, me aventurei por algumas áreas antes de me ver como desenvolvedora. Um dos primeiros estágios que fiz foi em uma empresa bem pequena, em que eu fazia sites, mas foi uma coisa muito superficial. Tive uma experiência não muito boa e acabei indo para a área de comércio exterior em outra companhia. Ao mesmo tempo, participava de um processo seletivo para uma empresa de tecnologia. Quando fui contratada, participei de um programa chamado System Engineer Development (SED). Durante o primeiro ano, passávamos pelas áreas de negócios e eu fiquei como suporte na área de compras. Minha principal tarefa era ensinar os compradores a utilizarem o sistema global. Eram 60 compradores e, adivinha…? Maioria homens! Eu gostava bastante dessa função e o time me adotou como mascote. Já no segundo ano, era a vez da formação técnica – o temido technical training. Eram 10 semanas de treinamento, 5 de linguagem C, 3 de visual basic e 2 para desenvolver um projeto. Na primeira fase tínhamos algumas atividades e éramos avaliados em Aceitável e Não Aceitável. Com duas notas negativas o candidato seria desligado da empresa. Imagina o meu medo! Alguém sem formação e experiência técnica, fora do próprio país. Logo na primeira tarefa, a surpresa: recebi um Não Aceitável. A minha sorte foi por ter um avaliador muito positivo, que me incentivou e me disse que faltava muito pouco para o Aceitável. Acho que esse technical training foi o momento mais desafiador que eu já passei na vida e, depois dele, eu tive a certeza de que eu poderia fazer qualquer coisa, desde que me dedicasse. Acho que trabalhar com tecnologia não quer dizer ser nota 10 em matemática. É preciso apenas muito estudo e muita dedicação. Precisamos ter habilidade para trabalhar com pessoas e em equipe, e essa é uma das características que favorecem as mulheres, que geralmente fazem isso muito bem. Linkedin: https://bit.ly/2IzPhMe
Arethusa Pontes – Superintendente de Arquitetura de Solução do Banco Itaú
“A ciência, a fé – e o estudo! – transformam! Isso é tecnologia.” – Conheça Arethusa Pontes, Superintendente de Arquitetura de Solução do Banco Itaú Sempre me interessei pela realização e evolução do homem. Para mim, a ciência e a fé – e o estudo! – transformam. E era isso que eu queria fazer: transformar e melhorar o mundo. Por isso, fui sempre muito ligada à área das exatas e minha família me apoiou nessas decisões. “Se é isso que você quer, vamos lá!”. Quando comecei a cursar engenharia acabei virando inspiração, e amigos e vizinhos tinham muita curiosidade. Minha mãe sempre gostou de estudar e, em casa, ler, estudar e confiar eram as regras. Qualquer coisa poderia ser feita, ela me dizia, desde que depois de ler e estudar. Meu pai trabalhava na linha de produção de uma fábrica de embalagens e eu me lembro bem quando comecei a estagiar. Ele me levava na fábrica e me apresentava tudo, muito orgulhoso. Não senti medo nenhum por estar cercada de homens, ele estava do meu lado! Os dois foram e continuam sendo fundamentais no meu crescimento pessoal e profissional. Em compensação, diferente do que vi no meu círculo familiar, a faculdade era um ambiente muito masculino – e machista. Éramos em apenas 4 mulheres e nos apegamos umas as outras para enfrentar as piadinhas. Tive sorte de ter esse grupo de apoio, mas precisei ignorar muita coisa para ter força para continuar. Me formei em engenharia química e minha mãe morria de preocupação com a sensação de perigo que uma empresa petroquímica passa, me vendo toda uniformizada, de botas e capacete. Mas penso que se eu fosse um menino, ela teria a mesma reação… Proteção de mãe! Depois de me formar, acabei indo de fato para a tecnologia da informação. Para minha surpresa, encontrei mais mulheres do que imaginei que encontraria, ainda mais por estar acostumada com a engenharia. A predominância ainda é masculina, mas não somos tão poucas assim. Tanto que as minhas primeiras gestoras foram mulheres e, até eu ser promovida, sempre tive uma coordenadora ou gerente mulher. Sem perceber, acho que isso foi bem importante. São mulheres que admiro até hoje e sou muito grata. Acho que ter alguém para admirar, para servir de referência, é essencial para ter a confiança de que pode dar certo. Hoje, percebo que eu mesma sou referência para outras mulheres. É uma responsabilidade que carrego e sempre reservo parte do meu tempo para investir nisso. Por ser uma carreira que demanda muito tempo – você tem suas horas de trabalho formais, mas no fim não para de trabalhar nunca –, ainda é um desafio para algumas mulheres conciliarem as tarefas pessoais e profissionais. A dedicação é muito grande e acho que é a escolha de cada uma dar um tempo na carreira para cuidar da família. Eu mesma trabalhei até o dia que minha filha nasceu. Foi tudo planejado e o trabalho não impactou minha gestação. Consegui equilibrar as coisas. E até nisso a referência é importante! Saber como outras mulheres lidaram com esta situação. Se eu pudesse dar um conselho para meninas que queiram seguir a carreira em TI é: estudem, estudem, estudem! Vocês vão precisar se atualizar sempre, mas as recompensas valhem a pena. Se você é curiosa, quer aprender, ensinar e trabalhar em equipe, este é um caminho pra realizar todos os seus sonhos! linkedin: https://bit.ly/2RRcGZ3
Fabíola Marchiori – Superintendente Digital do Itaú Unibanco
“Corri muito atrás da minha independência e sonhos” – Conheça Fabíola Marchiori, Superintendente Digital do Itaú Unibanco Minha vida foi desafiadora. Na empresa que trabalhei aos 18 anos, fui a primeira mulher. Depois fui uma das três mulheres, de uma sala de quase trinta, que se interessaram por Inteligência Artificial no início dos anos 2000. Me formei no mestrado com uma filha de cinco anos e trabalhando em tempo integral. Sempre amei codificar, discutir soluções e propor maneiras de fazer o impossível ser possível. Tenho um amor profundo pela tecnologia porque acredito que realmente pode mudar o mundo. Resolver problemas reais como fome, corrupção, como nos movemos de um lugar a outro, como geramos energia, e, principalmente, como a tecnologia nos leva a entender a máquina mais perfeita da natureza: o cérebro humano. Por trás de toda essa trajetória, sempre esteve uma mulher batalhadora que se esforçou muito. Cresci tendo uma mulher como líder da casa. Sou filha de uma mãe solteira, guerreira, que me criou acreditando que eu poderia realizar qualquer coisa que quisesse, desde que me esforçasse pra isso. “Faça o que quiser fazer, mas se esforce e seja dona de você”, ela me dizia. E aí, por esse apoio, por estar correndo atrás da minha independência e por uma questão de afinidade com as exatas, eu acabei escolhendo o caminho da tecnologia. Na cidade onde morávamos tinha um colégio técnico federal, muito concorrido, que já formava os alunos para trabalharem depois do terceiro ano. Fiz o técnico em eletrônica e quando conheci o computador, me apaixonei desesperadamente. Na época da faculdade, já tive a percepção de que era uma área tomada por homens e, no começo, até tentei me adaptar assumindo uma postura masculinizada, mais agressiva. Não que mulheres não sejam agressivas também, mas o estereótipo masculino, daquele homem que bate na mesa, que xinga. E aí um dia percebi que ser diferente, ser outra pessoa e apostar em habilidades até então desprezadas era, na verdade, o que tinha me levado até ali. A carreira em tecnologia tem muita oportunidade e, com preparo, conseguimos romper as barreiras que tentam nos impor. Hoje, eu trabalho em uma Organização que olha para a diversidade, mas os cargos de decisão, continuam sendo masculinos. Por isso, considero importante que as meninas se empolguem a seguir esta carreira também. Para isso, é preciso aprender sempre. Esta área tem um amplo espectro de atuação e vale muito a pena. É como desvendar um mundo novo. Dediquem-se a aprender, a acompanhar as mudanças constantes da área e não desistam. Vocês podem ser quem quiserem! Linkedin: https://bit.ly/2r7a5yY
Andrea Cabeça – Superintendente de TI do Itaú Unibanco
“No final do dia, se você entrega um bom trabalho, não importa se é homem ou mulher” – Conheça Andrea Cabeça, Superintendente de TI do Itaú Unibanco Minha história começa engraçada… Minha mãe comprou uma máquina de lavar roupa e um dia essa máquina quebrou. Minha família morava no interior de São Paulo e não tinha peça de reposição, e ninguém conseguiu consertar. Decidi, então, começar um técnico em processamento de dados, com foco em hardware, e foi aí que tudo começou. Terminei a escola, fiz faculdade e arrumei um estágio em uma loja que consertava e montava computadores. Meu próximo passo foi começar a lecionar. Fiz um mestrado e fui dar aulas sobre sistemas embarcados, que hoje a gente chama de internet das coisas. Enquanto era professora, fui chamada para voltar a trabalhar em empresa e aí atuei em diversas consultorias e viajei o mundo trabalhando. Apesar da minha experiência, lembro que, por ser a única mulher entre as equipes, me esforçava para “me enfeiar” todo dia. Me perguntavam frequentemente se eu não era do RH ou do marketing. Eu não era levada muito à sério e muitas vezes tinha que fingir que não era inteligente. Eu ia trabalhar de terninho, o mais largo possível, pra não ficar feminina. “Não é possível que você seja de tecnologia”, comentavam. Mas eu sou. E sou muito boa. Hoje em dia o contexto é bem diferente de quando eu comecei. Um benefício de ter carreira nessa área é que o trabalho é muito mensurável. Independente da aparência física ou do sexo, ou você sabe programar, ou você não sabe. As avaliações são mais precisas e o foco é nos resultados, não no que achamos das pessoas. No final do dia, se você entrega os resultados esperados, não importa se é homem ou mulher. Se você tem um programa para desenvolver, um sistema para botar no ar, um aplicativo para finalizar e no final o seu aplicativo está disponível na loja, seu sistema não caiu e seu programa não foi invadido por um hacker, isso conta muito mais do que qualquer coisa. Vejo que em outras áreas isso ainda é diferente. Se você é de uma área comercial, por exemplo, a sua aparência ainda pode ser usada para o seu sucesso, porque a percepção ainda é considerada, além do resultado. Na tecnologia, isso tem facilitado a vida das mulheres. Mas, uma dificuldade que ainda enfrentamos, é na hora de conseguir os empregos. Para não correr esse risco, aqui no Itaú aplicamos uma prova. Se o resultado é positivo, você tem chance de ser contratado. Do lado do recrutador, uma dificuldade é encontrar meninas que estejam dispostas a seguir esta carreira. Vemos muitas mulheres gestoras na área de tecnologia, mas programadoras mesmo, é mais difícil. Por isso, eu sempre digo para as meninas: acreditem no seu potencial. Confiem na mudança da sociedade e sejam vocês mesmas! Na tecnologia, isso só vai te trazer coisas boas! Perfil de Andrea no linkedin: https://bit.ly/2A4ZkS6
Babi de Oliveira – Gerente de renovações na Red Hat Brasil
“Podem tirar tudo de você, menos o que você sabe” – Conheça Babi de Oliveira, gerente de renovações na Red Hat Brasil Minha história começa bastante interdisciplinar. Com 15 anos eu comecei a estudar música e, já nessa idade, precisei tomar decisões que guiariam a minha carreira até hoje. Depois de um ano, optei por abandonar o curso e me mudar para a Inglaterra, para trabalhar e fazer um curso de inglês pois sabia da importância do idioma. Eu tenho família lá, então aproveitei a oportunidade. Logo que comecei a dominar a língua, iniciei um curso chamado A-Level, a preparação para universidades Britânicas, e optei por foco em psicologia e, quando voltei ao Brasil, comecei a dar aula de inglês para brasileiros e português para estrangeiros. Durante algum tempo trabalhei numa multinacional de idiomas e lá, percebi que precisava fazer novas escolhas. Aí, decidi cursar Administração de Empresas. Quando eu estava fazendo meu curso de administração, já estava na transição de sair do mundo de idiomas e entrar no mundo de tecnologia. Não tive nenhuma influência familiar nem de amigos, mas percebia uma tendência no mercado de forma geral, então resolvi tentar. Com essa mudança, percebi que eu sofria bastante resistência por parte do mercado. Apesar da pouca idade, eu tinha uma posição de diretora na empresa que eu trabalhava, e tive que mudar meu currículo e ocultar minhas experiências para conseguir uma vaga como estagiária. E foi aí que tudo começou. Quando entrei nessa empresa, ainda não tinha me tornado mãe, mas engravidei depois de cerca de 6 ou 7 meses e meu contrato não foi renovado. E eu acredito que tenha sido por causa da gravidez. Ser mãe transformou toda a minha vida. Acredito que o que mais mudou pra mim, é que até aquele momento, eu sempre dependia de alguém. E aí, quando a Sophia nasceu, eu tinha aquele bichinho que dependia exclusivamente de mim… Pra tudo! O senso de responsabilidade se altera muito quando você tem um filho e foi isso que me ajudou muito a ter forças pra lutar pela minha carreira, pra passar inúmeras noites acordadas e ainda assim estar de pé às 6 da manhã para ir trabalhar e entregar de uma forma produtiva. Me incentivou também pra saber como trabalhar de uma forma mais inteligente, pra conseguir fazer com que meu tempo rendesse. Eu não tinha mais a possibilidade de trabalhar todo dia até às 10h da noite, como eu fazia antes, porque eu tinha alguém que precisava de mim em casa. Eu tinha um novo papel, que era o desenvolvimento de uma criança, saber como ela estava, cuidar do bem-estar dela, não só físico, mas emocional também. Quando meu contrato não foi renovado e eu já estava grávida, eu sabia que seria difícil voltar ao mercado de trabalho. A justificativa para os nãos era que ainda estava amamentando ou que tinha uma criança recém-nascida para cuidar… Como se uma mãe com uma criança recém-nascida não precisasse de um trabalho! Precisei de muito foco, até que consegui uma recomendação para uma vaga e passei no processo seletivo. Acredito que esse foi o momento que consegui dar um grande pulo no meu desenvolvimento pessoal, porque passei por diversas áreas diferentes, consegui aprimorar conhecimentos que já tinha e desenvolver outros. Minha especialização é em canais e trabalhei como vendedora nessa área. Um dia, recebi uma ligação de uma pessoa que tinha me visto no LinkedIn e decidi bater um papo com ela, com a intenção apenas de colaborar para o perfil da vaga, porque gostava muito do meu trabalho e não tinha interesse de sair. Acabou que papo vai, papo vem, e depois de alguns encontros, acabei me interessando pela vaga! A possibilidade de ter uma carreira em uma grande multinacional, onde eu poderia ter mais liberdade de forma de trabalho e de poder fazer parte das transformações do mundo, foi o que me encantou. Apesar de saber que a tecnologia é uma área que hoje é ocupada principalmente por homens, eu também sei que não precisa ser assim. Existe muito espaço para que as mulheres ocupem. É uma área promissora, com desafios e muitas oportunidades, apesar de grandes dificuldades que também serão enfrentadas. Conhecendo esse universo hoje, um conselho que eu daria para a Babi do passado – e até pra Babi do presente! – e falo sempre com a minha filha é que: a única coisa que não tiram da gente, é aquilo que a gente sabe. Podem tirar tudo de você, mas a sua vontade de vencer, sua curiosidade, sua coragem, aquilo que você sabe… Ninguém nunca tira de você, porque isso faz parte da sua essência. A gente vive num momento político hoje, no Brasil e no mundo, que muitas vezes tendem a limitar a mulher e acho que isso não podemos permitir. Temos que buscar apoio umas nas outras. Eu vivi na pele as dificuldades de ser mulher, onde a gente sofre com preconceito, com machismo, sofremos com tudo mais que um homem nunca vai saber o que é. Por isso, para as meninas, eu diria: estudem! Sejam curiosas! Sempre procurem mais do que uma fonte de informação e cultivem a empatia. E principalmente, se unam. Enquanto eu viver, eu vou fazer alguma coisa por uma mulher que eu puder ajudar! Babi no Linkedin: https://bit.ly/2O1zWRZ
Suze Petiniunas – Profissional de RH artigo sobre as mulheres na tecnologia
Habilidades femininas e propósito – conheça a visão de uma profissional de RH sobre as mulheres na tecnologia. Artigo com Suze Petiniunas Suze Petiniunas é consultora, especialista em cultura organizacional, coach e participou ativamente em processos de transformação digital. Tem experiência em trabalhar com grandes empresas e se dispôs a contar ao Ser Mulher em Tech um pouco sobre a perspectiva de RH sobre as mulheres na tecnologia. Confira! “Comecei a trabalhar com transformação digital há 5 anos, quando participei ativamente deste processo em um grande banco. Confesso que me apaixonei e vi bastante potencial de atuação para mim. Tenho estudado bastante, lido muito e feito uma série de cursos e decidi atuar com essa transformação cultural, o que me trouxe uma perspectiva das mulheres na tecnologia. Sobre isso, tenho dois pontos principais, que acho que são relevantes para a questão. Primeiro, penso que a tecnologia extrapola a própria área e vai muito além disso. Vejo que cada vez mais ela faz parte dos negócios como um todo, independente do segmento. No marketing, a tecnologia é importante, assim como é também no RH e no financeiro. E, para mim, abre várias portas e novas maneiras de pensar. Inclusive considerando que muitos empregos, muitas possibilidades, uma vez que falamos de um mundo digital, ainda vão surgir. E serão, provavelmente, coisas que ainda não conseguimos imaginar. Com esse movimento, surgirão também novas portas para as mulheres. Entendo que vamos ter uma transformação, que na verdade já está acontecendo, mas que ainda deve se intensificar, do que é uma carreira em tecnologia. A ideia de que essa é uma carreira masculina vai deixar de existir. Esse é um ponto. O segundo ponto é que, por conta desse novo cenário, que passa a exigir novas competências, as mulheres têm muito a contribuir. Vou dar um exemplo: o novo mundo digital pede que você trabalhe de uma forma colaborativa e creio que as mulheres têm um tato maior para conversar, para chegar a um consenso. Julgo que as mulheres têm características que ajudam esse ecossistema, como a colaboração e a empatia, por exemplo. A mulher consegue se colocar mais facilmente no lugar do outro. Entendo que esse mundo digital exige alguns soft skills que ajudam a alavancar um trabalho colaborativo, e acho que a mulher já traz isso pela sua própria natureza. A questão de se construir ambientes de confiança e de incentivar mais a reflexão e o autoconhecimento, são alguns exemplos que posso citar. Esse ambiente vai trazer desafios que as pessoas vão precisar olhar mais para si mesmas. Se eu estou trabalhando de uma forma colaborativa, eu tenho que entender que, de repente, minha colega trabalha melhor que eu em alguma coisa. Eu preciso ter a sabedoria de abrir mão de alguns modelos mentais de egoísmo, de me colocar no centro, em detrimento do grupo. Somando a isso, acredito que o aumento da análise de dados e dos papéis de Coach, por exemplo, podem trazer para as mulheres uma boa oportunidade de inserção neste mercado. Pelo que tenho visto e estudado, estamos prestes a perceber um movimento interessante. Combinado com as habilidades técnicas, precisamos considerar a questão do propósito. Antes, a tecnologia era vista como um meio, basicamente servia para desenvolver programas. Hoje, ao contrário, com todo esse contexto digital, a tecnologia serve para facilitar a vida das pessoas, para realizar sonhos e evoluir os serviços – e até o mundo! Estamos realmente falando de uma revolução mundial. O propósito de poder ajudar, de poder contribuir ativamente para coisas que realmente fazem a diferença, está completamente ligado à tecnologia. E acredito que isso pode inspirar muito as pessoas! Conheça mais Suze: https://bit.ly/2Ac2XqK
Greyce Gois – Chegou na tecnologia movida pela curiosidade
“Queria saber o que tinha por trás daquelas máquinas gigantes!”, conheça Greyce Gois, que chegou na tecnologia movida pela curiosidade Na década de 80, 90, era comum que os jovens se encantassem por aqueles computadores enormes que existiam, e eu, como uma menina super curiosa, queria saber como tudo aquilo funcionava. E foi isso, foi a minha curiosidade que me levou por esse caminho. Como meus pais não tinham dinheiro para pagar uma faculdade particular, eu foquei em vestibulares públicos com preferência na região onde morava e logo consegui passar na FATEC de Santos. Não tive influência direta deles, mas a participação e incentivo – ou a resistência! – foram muito importantes. Meu pai era bastante autoritário e, sem dúvida, um tanto machista. Eu estudava longe de casa, e, além do ônibus, tinha uma caminhada de meia hora. Ele, dono do carro, não ia me buscar de jeito nenhum. Aqui, sou muito grata à minha mãe, que fazia o caminho a pé comigo, porque eu voltava à noite e podia ser perigoso caminhar sozinha. E quando chegou a hora de trabalhar? Nossa! Foi quase uma briga! Eu já queria ser independente desde os 15 anos, para comprar meus papéis de carta e meus lápis de coleção, mas meu pai sempre disse que “filha minha não vai trabalhar”. Por sorte, o estágio era obrigatório na faculdade, então ele teve que ceder. Entendeu que era importante para meus estudos, meu futuro e minha carreira e finalmente deixou. Como em Santos não tinha um bom mercado para a tecnologia, eu acabei arrumando um estágio em São Paulo, e aí a minha rotina ficou ainda mais maluca. A ajuda da minha mãe foi muito importante nesse momento também. Ela, professora, sempre trabalhou fora e eu pude me inspirar na força e dedicação dela. No meu primeiro estágio eu fui responsável por implementar um sistema de gestão na área financeira e às vezes precisava virar a noite no escritório e já até cheguei a dormir no vestiário. Aí, com 23 anos, entrei para a mesma empresa que trabalho hoje, a SAP, e era a pessoa mais nova de todos os funcionários. Naquela época, um gerente de projeto disse que não trabalharia com uma “menina recém-formada, sem experiência”. Alguns anos depois, essa mesma menina se tornou a melhor consultora e esse mesmo gerente “brigava” para que eu atuasse nos Projetos dele. Junto com as pessoas, o mundo evolui com a tecnologia e, pertencer a esse universo, te coloca na frente, te motiva e te inspira. Além de, como profissional de TI, poder atuar em diferentes áreas, com uma visão estratégica ou técnica e podendo exercer cargos em diferentes esferas e construir uma carreira sólida. Acho que uma coisa importante para se falar, não vou mentir, é que essa é uma carreira desafiadora e sem rotina. Às vezes, nesse mundo da tecnologia, perdemos um pouco o nosso lado “humano”, nos distanciamos um pouco das pessoas, além do nível de stress ser alto e a pressão constante. Mas a parte boa é que ao mesmo tempo, nos envolve e nos inspira a fazer o melhor. Então, se esse é o seu sonho, nunca desista dele e saiba que nada é impossível. Nós podemos tudo, desde que nos preparemos. Não deixe se desequilibrar por comentários preconceituosos ou críticas maldosas. Pare, pense, planeje sua carreira, não empurre com a barriga ou se engane fazendo algo que não gosta. Trabalhar com paixão é essencial para alcançar a realização pessoal. Me considero uma pessoa independente e realizada tanto na vida pessoal quanto na profissional. Greyce no Linkedin: https://bit.ly/2C2NQAZ
Elisabete Waller – IT Advisory Leader na EY
Um metro e meio de altura e quase dois de determinação! – Conheça Elisabete Waller, IT Advisory Leader na EY Eu sempre fui uma mulher das exatas. Não sabia bem o que isso significava quando eu era criança, mas sempre fui boa em matemática e rápida de raciocínio, assim quando chegou a hora de escolher minha profissão, a decisão já estava, em parte, tomada. Resolvi que cursaria estatística porque tinha vontade de trabalhar no IBGE. Como a faculdade de Estatística era gratuita e só no período da manhã, meu pai sugeriu que eu fizesse outra à noite, se propondo a pagar. Passei nos dois vestibulares e comecei a cursar também processamento de dados. A escolha do curso também foi sugestão do meu pai, que me disse que era uma profissão do futuro e que via em mim o perfil para essa carreira. Depois de um ano frequentando os dois cursos, percebi que não gostava tanto de estatística e que, na verdade, o que eu adorava era computação. Larguei a faculdade Estatística e me dediquei apenas à processamento de dados. Quando chegou o momento de fazer estágio, enfrentei um primeiro desafio na área: se hoje é difícil mulheres em tecnologia, imagina há 30 anos! Ainda assim, comecei a estagiar e assim que eu me formei consegui rapidamente um emprego. O microcomputador estava no auge na época, portanto a demanda por profissionais da área cresceu demasiado. E, desde que eu entrei nesse mundo da tecnologia, não fiquei parada nenhum dia. Para mim, é exatamente esse o lado positivo de ter uma carreira em tecnologia: nunca me falta trabalho. Mesmo em períodos do Brasil em crise e o índice de desemprego alto no país, o impacto em TI era muito pequeno, comparado com outras profissões. Esse mercado está sendo crescendo e tem remunerações cada vez melhores. Como mulher, eu não cheguei a enfrentar muitos desafios de gênero, mas já passei por situações em que ser “menina” gerou dúvidas sobre a minha capacidade de entrega. Mas contornei isso bem rápido com um ótimo trabalho e, no final, as equipes brigavam por mim. Gosto de brincar que tenho 1,50m de altura e 1,90 de determinação! Para profissionais que se tornam mães e acham importante acompanhar os filhos de perto, a área oferece a possibilidade do trabalho remoto. Mulheres pensam rápido e em várias coisas ao mesmo tempo. Somos muito organizadas e estruturadas e, na minha visão, essas são características que fazem das mulheres profissionais diferenciadas em TI. Apesar de, hoje em dia, ser uma carreira com maior presença de homens, eu acredito que deveria ser muito mais feminina, principalmente nos temas de desenvolvimento de soluções. Sempre me posicionei através do meu conhecimento que, na minha visão, é o que faz a diferença. Na minha equipe, trabalho com mulheres e homens igualmente, 50/50, e isso não foi planejado… eu contrato por competência! Para as meninas que querem seguir este caminho, sugiro que estejam dispostas a enfrentar muitos desafios, e já adianto que as recompensas valem a pena! O desafio é enfrentar uma área que muda todos os dias, te fazendo aprender coisas novas, com uma visão de transformação gigante, e essa é uma das coisas que me encanta. Aqui você encontra o perfil da Elisabete no linkedin: https://bit.ly/2P3GtNk