“Não são as desculpas que te movem adiante, mas as suas atitudes”, afirma Maryanne Fonseca, gerente sênior de partner success na Amazon Web Services Meu sonho de menina era me tornar militar. Tecnologia era meu plano B. Desde muito nova, eu tinha familiaridade com eletrônica e jogos e sempre fui curiosa em relação aos computadores. Lembro-me que, aos 8 anos, meu sonho de consumo era um notebook que na época custava quase o preço de um carro popular. Vim de uma família sem recursos financeiros, mas que sempre me incentivou. Como muitas meninas, comecei a trabalhar na adolescência, em “lan-houses”, depois como secretária em uma escola de música para ajudar em casa. Aos finais de semana ainda fazia trabalhos de design gráfico (aprendi a usar o Photoshop na internet, praticando bastante “na raça”). Aos 20 anos, após desistir de perseguir a carreira militar, tentei identificar o que eu gostava de fazer e o que poderia ser uma escolha útil e estratégica. Comecei, então, a buscar uma bolsa de estudos para cursar Engenharia da Computação, pois, mesmo trabalhando, não poderia pagar uma faculdade. Consegui uma bolsa muito concorrida e me formei bacharel Universidade Santa Cecília em Santos, minha cidade. Eu fui a primeira da minha família a me graduar. Um certo dia, a convite de uma amiga da faculdade, tive a oportunidade de fazer uma entrevista de estágio para repor a vaga de um garoto que havia saído para morar fora do país. Após vários testes, fui aprovada como estagiária na Microsoft, onde comecei minha carreira corporativa. Era uma loucura imaginar que, um dia, a menininha que foi fã de computadores e eletrônicos, iria trabalhar na empresa que criou o Windows e democratizou o uso de computadores nos lares das pessoas. O começo foi assustador. Eu não tinha nenhuma experiência no meio corporativo, nem a mínima ideia de como e o que era isso. Minhas disciplinas na faculdade eram técnicas, mas eu abracei uma oportunidade na área de vendas via canais da Microsoft. Aprendi muito na vivência e na prática. Outro sacrifício que tive que me submeter era a locomoção todos os dias entre a universidade em Santos e o estágio em São Paulo. Eram cerca de 5 horas ao dia na estrada, poucas horas de sono (3 ou 4 horas por noite), mas eu nunca permiti deixar o nível cair ou me consolar com desculpas para não fazer o melhor que eu podia. Ter uma carreira em tecnologia mostra o impacto positivo do nosso trabalho. Hoje, a tecnologia permeia quase tudo, se não tudo. Um dos maiores prazeres é poder ouvir de um cliente ou parceiro que o nosso esforço fez com que a empresa dele crescesse e, assim, pudesse gerar mais empregos ou contribuir com a sociedade de alguma forma. Mas, como toda carreira, atuar com tecnologia também tem seus desafios. A competitividade e ritmo frenético que, se você não priorizar, pode causar um desequilíbrio na sua vida pessoal que, por sua vez, vai impactar sua carreira…é o famoso efeito “bola de neve”. Também existem outras questões, como a equidade de gênero nas empresas. Nós, mulheres, contornamos estes fatores buscando ser muito competentes a todo momento. O nível “tem” que ser sempre alto. Nunca usei o preconceito como desculpa, sempre olhei o lado positivo e não perdi o foco na carreira. Afinal, não são as desculpas que te moverão adiante, mas suas atitudes. Para as meninas que queiram seguir carreira em tecnologia, eu aconselho: confiem no que acreditam, mantenham-se fiéis aos seus princípios e jamais se limitem com crenças como “exatas é difícil”, “não entendo nada de tecnologia” ou “isso é coisa de menino, eles se dão melhor com isso”. Saibam que sempre terão que se sentir “famintas” por conhecimento. Mas os resultados serão gratificantes se você se mantiver fiel ao que realmente é e deseja para sua vida. Eu tinha um professor de faculdade que brincava comigo: “Você ainda está aqui, não desistiu como suas colegas?” Eu sorria e devolvia: “O senhor vai me ver muito por aqui”. Além de ter sido a única mulher da minha turma inicial a me formar, o fiz com honra ao mérito, reconhecida como melhor aluna da turma pela universidade e pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) de São Paulo. Me “aventurei” em escolher um estágio que mudaria minha vida, em uma empresa que, geralmente, era para jovens com condições melhores, mas o plano deu certo. Hoje, tenho muito orgulho da minha carreira e mais ainda da minha origem. Trabalhei em 3 das maiores empresas de tecnologia do mundo. Se, no passado, eu me limitasse a pensar que seria difícil ou que este não era o meu lugar, certamente não teria chegado onde cheguei. Foram as minhas dificuldades e conquistas que me moldaram para estar aqui hoje contando a minha trajetória. Para saber mais sobre a Maryanne Fonseca, veja seu LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/maryfonseca/
Vanessa Matos – Consultora em governança de TI
“Sou apaixonada por pessoas e tecnologia” conta Vanessa Matos, consultora em governança de TI Desde os 14 anos, eu lembro que já gostava de tecnologia, da mística que rondava a área. Aos 15, eu pedi um computador que naquela época custava caro, mas foi esse interesse que me levou para a faculdade de Gestão da Informação pela Universidade Federal do Paraná. Depois fiz especialização em gestão de TI e MBA em Desenvolvimento Humano de Gestores. A entrada no mercado de trabalho não foi fácil. Com certeza, o maior desafio era o fato de ser mulher em um ambiente muito masculino. Outro desafio foi atuar diversas vezes em áreas novas em atividades ainda não desbravadas e sair do técnico/operacional para assumir a gestão de pessoas. Eu fui gestora muito cedo e sempre tive carinha de nova. Então, muitas vezes, os fornecedores (homens) viam apresentar os produtos e não falavam olhando para mim. Isso fez com que eu colocasse meu ponto de vista, estudasse mais pra mostrar que o mundo é pra todos. Eu sempre fui uma defensora do mundo feminino. Já tive muitas situações desagradáveis, mas aprendi a não levar pra casa. Gosto de resolver logo e mostrar que somos iguais. Para mim, a palavra que define a carreira em tecnologia é Transformação. É uma área dinâmica, sempre com novidades. Por isso, é bom ficar atento, não dá para dormir no ponto. Se você não se atualiza, não tem network, bons fornecedores, você e a organização que você trabalha fica para trás. A carreira de tecnologia é uma escolha para a vida. É como vida de médico. Infelizmente, nós, mulheres, ainda somos uma parcela pequena na tecnologia. Temos ainda muito a conquistar. Para as meninas que querem ingressar nessa área, aconselho: não tenham medo. Somos 50% da população e outra metade nasceu de uma mulher. É uma questão de tempo para conquistarmos o mundo. Este século será o século da mulher! E tem também um segredo fundamental: é o equilíbrio. Eu sempre consegui conciliar a vida executiva e acadêmica e ainda tenho dois filhos incríveis e um casamento muito feliz. Mas estou sempre pronta para desafios.Por isso mesmo, adoro um curso aleatório. Acho que isso ajuda muito a ver o mundo de outras maneiras e aguça a criatividade. Eu já fiz curso de pizzaiolo, bartender, biscuit, tricô, dubladora, marketing digital e árbitro de futebol americano. Também sou voluntária na Associação de Ginástica do Paraná, no Coritiba Crodoliles Futebol Americano, no ISACA-SP e na Pastoral da Comunicação da arquidiocese de Curitiba. E mesmo que eu não saiba nada sobre um assunto, vou encontrar alguém que saiba. Sou boa em resolver problemas de forma rápida e simples (#Quickly and Simply!) Para saber mais sobre a Vanessa Matos, veja seu LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/vanessa-matos-9b402915
Cristina Martinez Augusto – Executiva sênior de Tecnologia da Informação
“Na área de tecnologia, as possibilidades são muitas. O importante é ser feliz e ter paixão pelo que faz!”, declara Cristina Martinez Augusto, executiva sênior de Tecnologia da Informação Eu me formei em Análise de Sistemas pela PUC de Campinas e fiz MBA em Gestão de TI na Live University em São Paulo. Minha mãe foi professora e meu pai foi operador de máquina na Refinaria da Petrobras em Cubatão. Ele trabalhava em turno e, mesmo assim, fez faculdade para prover uma educação adequada para a família. Meus pais foram minha grande influência no sentido de ter em mente que estudar e buscar a realização dos nossos sonhos é sempre prioridade. Ao chegar minha vez de escolher uma área e prestar vestibular, minha família me apoiou quando decidi por exatas. Verifiquei os cursos ofertados e Análise de Sistemas chamou minha atenção porque poderia trabalhar com computador, algo muito novo na época. Isso me atraiu! Iniciei a faculdade em 1979 e, em 4 anos, nunca tive acesso a um computador! E ainda assim, a cada ano, tinha mais certeza da minha escolha! Costumo dizer que tive sorte no meu primeiro emprego. Foi em uma indústria nacional e de estrutura familiar. O CEO tinha preferência por mulheres na liderança, porque acreditava muito que para fazer a transformação precisava de profissionais que não tivessem receio de mudanças. Foi um início de carreira incrível! Atualmente, contabilizo mais de 20 anos de experiência em TI, atuando com foco em transformação digital, soluções inovadoras, gestão de portfólio de projetos e serviços, otimização de processos e melhoria de eficiência com resultados expressivos no atingimento de metas estratégicas. Para mim, o lado positivo na carreira é, sobretudo, a possibilidade que o profissional tem de conhecer e falar de negócios, vivenciar como a tecnologia aplicada corretamente pode impulsionar o crescimento de uma empresa. Porém, o lado negativo da profissão é o pouco tempo que temos para digerir tanto conteúdo. Em relação a esta carreira para as mulheres, considero que não seja fácil, porque precisa ter atitude para ser ouvida e ter suas propostas e sugestões consideradas no ambiente corporativo. Por outro lado, a mulher sabe lidar e se comportar muito bem em situações de conflito e de pressão, o que favorece o papel de liderança. Para as meninas que desejam seguir carreira em tecnologia, digo que vale a pena! A área de tecnologia é enorme e as possiblidades são muitas. Novidades a todo instante e caminhos diversos para escolher. Nenhuma outra área é tão dinâmica e com tantas opções. Mas independente da profissão ou área escolhida, o importante é ser feliz e ter paixão pelo que faz! Para saber mais sobre a Cristina Martinez Augusto, veja seu LinkedIn:https://www.linkedin.com/in/cristina-maria-martinez-augusto-b74379/
Cristina Matutino – Gestora de projetos globais de tecnologia da informação na Novartis
“O segredo é aprender sempre, estar aberta para desafios e mudanças”, Cristina Matutino, gestora de projetos globais de tecnologia da informação na Novartis Antes de começar a falar sobre tecnologia, gostaria de salientar a maior e mais valiosa influência que tenho na minha vida: a minha mãe. Ela sempre foi um exemplo de garra e determinação. Separou-se do meu pai por sofrer violência doméstica e deixou o conforto da classe média em Pernambuco para começar do zero em São Paulo com três filhos. Eu tinha 7 anos na época. Minha mãe foi doméstica, manicure, costureira, comerciante e gradativamente obteve condições para criar os filhos com um mínimo de dignidade. Quando estava no último ano do ensino fundamental da escola pública, eu era uma das melhores alunas da sala, e fui incentivada por dois professores que me auxiliaram na escolha do curso técnico em Processamento de Dados, e me deram aulas extra na preparação para o que chamávamos na época de Vestibulinho (prova de seleção para entrar no Ensino Médio). Passei na renomada Escola Técnica Federal de São Paulo. A partir do último ano, fiz diversos estágios: na FEPASA (antiga rede ferroviária de São Paulo), fui instrutora de programação em uma instituição de ensino de tecnologia, na Fundação Getúlio Vargas e iniciei como trainee em uma multinacional do mercado farmacêutico. Minha carreira profissional foi gradativamente acontecendo, em uma evolução orgânica, ou seja, sempre migrei de uma posição para outra por meio de convites ou recomendação dos chefes e pares. Em mais de 30 anos de carreira, atuei como instrutora, programadora, técnica, analista, gestora em áreas diversas da tecnologia da informação como infraestrutura, prestação de serviços, administração de dados; projetos de TI nas áreas principais de negócios. A diversidade de opções é uma das grandes vantagens da Tecnologia. Não há barreiras, pois todas as áreas de alguma forma se inter-relacionam ou se complementam. Mas considero um ponto negativo quando um profissional assume uma função que não corresponde às suas habilidades. Por exemplo, não podemos colocar em uma área de atendimento ao cliente alguém que não tenha facilidade em lidar com pessoas, saber ouvir ou gerir conflitos. Na prática, trata-se de adequar habilidades e competências para a função adequada. O mundo corporativo é dinâmico e a Tecnologia da Informação é sempre atuante para o sucesso das mudanças nas áreas de negócio. Isso exige que o profissional tenha disciplina de verificar as tendências e inovações da área. Para mim, a necessidade de manter-me atualizada é um ótimo desafio. O que me assusta é a estagnação. Gosto de estar em constante aprendizado e movimento. Gosto da adrenalina de cada projeto, novos clientes, integração de equipes, mover-me para outras geografias. Na minha carreira, eu sempre considerei que a melhor estratégia é fazer parte e não ser observadora. Por isso, sempre pedia para participar dos projetos de mudanças e tomava riscos em todos os sentidos, não apenas por aceitar posições em que eu não tinha total domínio técnico como gerenciar uma equipe fera de profissionais, muitos homens e mais velhos que eu. Aprendi com a equipe e com os erros, mas sempre procurei fazer o melhor em cada fase da minha vida. Minha trajetória profissional cresceu de forma consistente e estruturada, respeitando as prioridades da minha vida pessoal e família. Quando tive oportunidade de trabalhar por um tempo na Argentina, México e Portugal como responsável pela gestão de TI, por exemplo, meu marido e filho ficaram no Brasil, mas o apoio deles foi fundamental. Para as meninas que querem seguir essa carreira, aconselho: planejem e tomem controle de suas escolhas. Estudem e abracem com afinco suas decisões. Tecnologia é uma área que é promissora há décadas e seguirá oferecendo oportunidades fantásticas. Apesar da realidade mostrar que o homem ainda é maioria no mercado tecnológico, acho que há uma oportunidade ímpar para as meninas virarem o jogo. Para finalizar, quero destacar uma área que me encanta e ainda é pouco explorada na tecnologia que diz respeito ao apoio em ações sociais para melhorar o mundo. Admiro as instituições que investem em colocar a tecnologia em prol do ser humano, seja nos processos de doação, serviços voluntários, acessibilidade e tantas outras oportunidades. Estou de olho neste segmento para um novo aprendizado. Para saber mais sobre a Cristina Matutino, veja seu Linkedin: https://www.linkedin.com/in/cristina-matutino-3761803/
Paula Bastos – Diretora de TI na empresa Tupperware Brands.
“É uma carreira sem rotina, bastante desafiadora” comenta Paula Bastos, diretora de TI na empresa Tupperware Brands. Para escolher me formar na área de Processamento de Dados pela PUC do Rio de Janeiro, tive um pouco de influência da minha mãe, que na época, trabalhava em um banco e sua função estava próxima à área de tecnologia, mas não era TI. O que realmente fez surgir meu interesse pela Tecnologia da Informação foi o fato que estudei em uma escola no Alto da Boa Vista, e passava em frente à IBM todos os dias. Eu pensava “quero trabalhar nessa empresa”. Pesquisei mais sobre, entendi que se tratava de tecnologia, e escolhi seguir esta carreira. Hoje, ao ver os desafios que tive aos 16 anos para escolher uma faculdade de tecnologia, numa família sem esse conhecimento, vejo que foi bastante árduo. Atualmente, me orgulho de ver meus sobrinhos trilhando essa carreira e, de alguma forma, servir de inspiração para eles. Durante minha trajetória, considero especial destacar o fato de que meu marido, também da área de TI, e eu, decidimos nos mudar do Rio de Janeiro para São Paulo. Naquele momento, nossas carreiras aceleraram para chegar onde estamos. Não foi fácil, mas sou feliz nas minhas escolhas. O lado positivo em trabalhar na área é poder fazer parte da transformação das empresas, ser o facilitador para que as coisas aconteçam. Ainda com alguns obstáculos, nós mulheres somos minoria, mas acredito que estamos conquistando nosso lugar. O conselho que dou às meninas que desejam seguir este caminho é escolha o que faz mais sentido para você, seja infraestrutura, dados, sistemas, etc. Estude, se dedique e esteja sempre pronta para novos desafios. Lembre-se não importa qual carreira seguir, escolha aquela que faz seu coração bater mais forte. Faça com paixão, com amor. O sucesso é consequência. Nunca se esqueça de ter um plano para onde quer chegar. Para saber mais sobre a Paula Bastos, veja seu Linkedin: https://www.linkedin.com/in/paula-bastos-a4442a12/
Ruth Broglio – Consultora autônoma de tecnologia
“Para mim, a palavra que define a carreira em tecnologia é entusiasmo, exalta Ruth Broglio, consultora autônoma de tecnologia Desde pequena, ouvia meu pai contar todo orgulhoso a história de uma prima minha de nome Núbia, que infelizmente faleceu alguns anos depois, mas na época, era engenheira eletricista e trabalhava em projetos importantes nos EUA. Aquela história me fazia querer ser igual, e assim cresci pensando “um dia serei igual à Núbia”. Pensava em fazer engenharia, mesmo sem ter a menor ideia do que isto significava. Aos 14 ou 15 anos, convivia com uma amiga (Joana), que resolveu fazer um curso de Basic(linguagem de programação para os leigos). Na época, não compreendia nada sobre o tema. Ela me contava sobre suas aulas de programação básica e aquilo parecia muito interessante. Um dia, descobrimos em uma banca de revista, que havia publicações de programas Basic para jogos. Influenciada pelo curso, ela conseguiu que sua mãe comprasse um CP 200 (computador doméstico da época). Era basicamente um teclado, algo como um “all in one”, só que sem o monitor, que sem dúvida não possuía nem um milésimo da capacidade que temos hoje em nossos celulares. Joana e eu ligávamos o computador em uma TV pequena, cujo monitor era preto e branco, digitávamos o programa sem entender muita coisa, depois esperávamos 11 minutos para o jogo compilar, carregar e rodar. Então, jogávamos por horas e desligávamos tudo. Em uma próxima vez que queríamos jogar, era necessário digitar tudo novamente, esperar, carregar, etc. Quando finalmente terminei o terceiro científico em 1988 (hoje chamado de Ensino Médio), fui prestar vestibular para Engenharia Elétrica na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Eu havia preenchido meu caderno de rascunho com a primeira opção para Engenharia Elétrica. Na fila do banco para pagar a inscrição, eis que um rapaz começa a conversar comigo dos porquês da minha escolha. Ao final da conversa, ele havia me convencido de que o nome da área que eu realmente queria era “Ciência da Computação”. Começou então minha obsessão por ingressar neste curso. Acabei passando no terceiro vestibular em 1990, em uma Universidade Comunitária, na cidade de Itajaí. Foram 4 anos e meio de muita luta, pois minha família vivia no chamado “abaixo da linha da pobreza”, e eu havia passado em uma Universidade paga. Foram muitos subempregos, empregos, bicos, e algumas vezes mais de um trabalho simultâneo. Mas dentro destas várias atividades, no segundo semestre, conquistei uma vaga de secretária em uma “software house” (muito raro na época). Lá me tornei programadora. Atualmente, sou Bacharel em Ciência da Computação, com especialização latu sensu em Computação e Gestão Organizacional. Autônoma, presto consultoria em Tecnologia da Informação, e em projetos de Desenvolvimento de Software. Para mim, a palavra que define a carreira em tecnologia é entusiasmo. A infinidade de possibilidades, os bons salários, o impacto na vida das pessoas e a constante evolução. Quem trabalha com tecnologia, se sente em constante evolução, pois nunca para de aprender. Sempre há o que descobrir. Sentimo-nos parte do seleto grupo que sabe “como as coisas são feitas” nos bastidores. Sempre estamos aprendendo sobre novas áreas, porque precisamos prover soluções para as mesmas. Saboreamos a sensação ímpar de impactar uma pessoa, um grupo, um segmento, com as soluções que nós criamos. Quanto ao lado negativo da profissão, é necessário salientar que nos acostumamos a trabalhar demais. Geralmente, quem segue e fica na carreira, se apaixona por ela. Isto, muitas vezes, provoca dificuldade em equilibrar o tempo de dedicação. Em relação à mulher em tecnologia, na minha época, acredito que tenha sido mais difícil do que é para as novas gerações. Levávamos muito mais tempo para ganhar as promoções; as portas nunca estavam abertas. Você precisava encontrar a porta certa, desvendar o segredo para abrir e provar que merecia passar por ela. O lado bom, é que quando o sucesso chega, ele é sólido. Você sente uma satisfação muito grande ao estar rodeada de pessoas, em nossa área incluindo muitos homens, que te respeitam e admiram pelo seu conhecimento. Quando você assume algum cargo de liderança, você passa a impactar a vida de todos. E mulheres tendem a querer o bem da coletividade. Para as meninas que buscam seguir carreira em tecnologia, aconselho entrar de cabeça, estudar, se apaixonar e ser curiosa. Não permita que ninguém diga que você não é capaz, ou que isto não é para você. Aprenda a filtrar o que te dizem, e enquanto isso estude e se apaixone cada vez mais. Quando você menos esperar, estará muito segura, feliz, com independência financeira, em uma área para a qual nunca faltarão oportunidades. Nós mulheres somos tão capazes quanto os homens, e ainda temos a vantagem de termos a nosso favor a sensibilidade feminina, que nos ajuda com uma das habilidades mais necessárias na nossa área e ainda muito escassa: a empatia. Para saber mais sobre a Ruth Broglio, veja seu Linkedin: www.linkedin.com/in/ruthbroglio
Cláudia Anania – Diretora corporativa de Tecnologia da Informação da Unigel.
“Tecnologia é desafiadora, estimulante! Nenhum dia é igual ao anterior! O futuro é tecnológico!”, enaltece Cláudia Anania, diretora corporativa de Tecnologia da Informação da Unigel. Sempre gostei da área de exatas. Minhas matérias preferidas na escola eram Matemática e Física. Apesar disso, até o terceiro ano do Colegial (atual Ensino Médio), eu pretendia ser médica, mas um dia meu irmão mais velho chegou em casa com um microcomputador: um CP-500 da Prológica. Foi paixão à primeira vista. A partir daí, resolvi seguir a carreira em Tecnologia da Informação (TI). Para mim, a palavra que define a carreira de tecnologia é Evolução. Ela permite ao profissional um crescimento constante, seja porque é uma área em constante evolução, seja porque atua na melhoria dos processos. Mas como toda carreira tem seu lado negativo, TI é uma área de muita pressão, e nem sempre é valorizada como deveria. A presença feminina em Tecnologia ainda é minoritária e, muitas vezes, é vista com preconceito. Considero-me privilegiada, pois na minha classe de graduação, havia praticamente o mesmo número de homens e mulheres. Todas se formaram e iniciaram carreira na área. E durante meu percurso, pouquíssimas vezes sofri preconceito por ser mulher, mas sei que nem sempre é assim. Um fato curioso acerca deste assunto é que participo de vários eventos e já cheguei a ganhar um vale barba como brinde. Também já aconteceu de ser convidada para um evento, onde constava a inscrição: “Executivo e esposa”. Conversando com a nova geração, percebo que a participação das mulheres nos cursos de tecnologia é pequena, muitas não chegam a se formar e que sofrem preconceito na hora da contratação, principalmente se a vaga for de infraestrutura que é predominantemente masculina. Mas acho necessário mostrar que os pontos positivos da carreira sobressaem aos negativos. Dois fatos foram especiais na minha jornada como profissional de TI. O primeiro é que fui convidada para lecionar no curso da graduação da PUC, assim que me formei aos 21 anos. Para mim, esse foi um indício de que eu seria muito bem-sucedida na minha carreira. O segundo fato, é que na empresa onde trabalho, num intervalo de quatro anos e meio, ocupei os cargos de Analista de Sistemas, Coordenadora, Gerente e Diretora de Tecnologia da Informação, no qual permaneço até hoje. Isso mostra o quanto a área possibilita um crescimento profissional, desde que você seja muito dedicada e que se atualize constantemente. Para finalizar, quero dar um conselho às meninas que desejam seguir esta carreira: Sigam em frente! Tecnologia é desafiadora, não há rotina! É um aprendizado constante e quem trabalha na área está sempre evoluindo como profissional. Além disso, existe um mercado de trabalho enorme que cresce ano após ano. Amo minha profissão e não me vejo fazendo outra coisa! Tecnologia é desafiadora, estimulante! Nenhum dia é igual ao anterior. O futuro é tecnológico! Para saber mais sobre a Claudia Anania, veja seu Linkedin: https://www.linkedin.com/in/claudia-anania/
Adriana Valerio – Diretora de TI e Facilities na Dow
“Trabalhar em tecnologia é sinônimo de satisfação pessoal”, diz Adriana Valerio diretora de TI e Facilities na Dow Sempre gostei de matemática na escola. Tanto que no colegial, atual Ensino Médio, fiz curso técnico em Processamento de Dados. Quando chegou o momento de decidir qual faculdade iria fazer, tinha dúvidas entre o curso de Tradução e Interpretação e Ciências da Computação. Aí um tio me disse: “Ciências da Computação vai garantir um emprego. Primeiro você faz esta e, depois, faz Tradução e Interpretação”. Segui o conselho dele, mas acabei não fazendo a segunda faculdade. Fui trabalhar, fiz especialização em Administração Industrial e nunca mais saí da área. Acredito que a mulher que encara a carreira em tecnologia como um desafio em sua vida será muito bem-sucedida. Esta é uma área desafiadora, mas nos sentimos poderosas, conhecedoras do mundo ao nosso redor. Fazer parte da criação do mundo tecnológico dá muito orgulho. Para mim, trabalhar em tecnologia é sinônimo de satisfação pessoal. Estamos sempre nos atualizando, absorvendo novos conhecimentos. A mente não descansa e a palavra-chave que define a carreira é ATUALIZAÇÃO. Na Dow, além de liderar a área de TI, também cuido de Facilities (responsável por manter as instalações da empresa, não somente gerenciando todos os serviços de terceiros, mas também garantindo segurança e conforto aos usuários). Nosso objetivo é aplicar ferramentas e facilidades tecnológicas que ajudem os funcionários a entregar suas responsabilidades de forma ágil e eficaz. Trabalhar com TI e Facilities é um prazer para mim e facilita muitos projetos de novos escritórios. As duas áreas são dependentes uma da outra. Antes de estarem sob a mesma liderança, havia conflito, uma área apontando a outra para justificar suas pendências. Sob a mesma liderança, não existe mais isto. Acho incrível ter um mesmo time em sinergia trabalhando com diferentes ferramentas em prol de um objetivo comum. Mas tive um grande desafio ao assumir estas duas áreas em 2015. Na mesma época, estava adotando meu filho que tinha 2 anos. Tive que conciliar o profissional e o pessoal ao mesmo tempo, mas encarei com coragem e toquei adiante. Não foi fácil, mas para uma mulher, nada é impossível, ainda mais depois que se torna mãe. Hoje, eu me tornei muito mais produtiva durante o horário comercial para poder ir para casa ficar com meu filho. Para as meninas que pretendem trabalhar com tecnologia, eu sempre digo que é preciso ser apaixonada pelo que faz e trabalhar muito. As barreiras sempre podem ser superadas se você é persistente. Eu acredito que não há obstáculo que a mulher não possa quebrar. Para saber mais sobre a Adriana Valerio, veja seu Linkedin:https://www.linkedin.com/in/adriana-valerio-90339625/
Cristiane Kussuki – Gerente sênior de Tecnologia da Informação – PMO & Governança da Sodexo
“Somos uma rede e juntas somos mais fortes!”, Cristiane Kussuki, gerente sênior de Tecnologia da Informação – PMO & Governança da Sodexo Sou apaixonada por tecnologia desde criança. Meu pai era analista de produção e fez parte de uma das primeiras gerações no Brasil que trabalhava dentro de um Data Center, local onde ficavam os sistemas computacionais de uma empresa. Eu ainda me lembro de uma visita que fiz ao seu trabalho e fiquei encantada com aqueles computadores gigantes. A minha casa parecia um centro de informática: tinha cartões perfurados, disquetes, a gente desenhava em folhas de impressora matricial. Tudo isso já fazia parte do meu universo muito cedo. Quando cresci, pensei em ser dentista, mas mudei de ideia quando fui fazer colegial em Processamento de Dados na Escola Técnica Federal e me apaixonei por lógica e pelos computadores. Aos 16 anos, comecei a trabalhar formalmente na área de tecnologia em um grande banco. Na época, eu era a caçula da empresa inteira e para mim foi uma ótima escola. Em 2003, me formei em Matemática pelo Instituto de Matemática e Estatística da USP. Depois, fiz um MBA em Gestão de Projetos no Instituto de Pesquisas Tecnológica e um curso em Neurociência Computacional na Universidade de Washington. Em 22 anos trabalhando em tecnologia, felizmente, nunca senti preconceito por ser mulher, apesar de sempre ser minoria. Meus colegas sempre me trataram com muito respeito e considero que é mais importante aquilo que você faz e como você se relaciona do que de fato o seu gênero. A tecnologia tem infinitas possibilidades de criação e realização. Nesta era digital, ela é estratégica, o que amplia muito as oportunidades de carreira e os salários são atrativos. No entanto, é uma área que exige grande dedicação. A carga de trabalho é acima da média quando comparada a outras profissões, por conta da criticidade das aplicações. Também é preciso se manter atualizado sempre e estar disposto a aprender a aprender. Na minha opinião, este é um dos maiores investimentos que um profissional de tecnologia pode fazer por sua carreira. Meu propósito atualmente está relacionado ao desenvolvimento humano e tenho me dedicado à preparação dos profissionais para servir à sociedade do século 21. Estudo o processo de soluções tecnológicas para a educação, além de questões relacionadas à inserção da mulher nas lideranças e na Tecnologia. Para as meninas que se interessam pela área, sugiro que conheçam as diversas possibilidades de carreira e escolha aquela que se encaixa melhor com o que gostam e acham que sabem fazer. Procurem colegas de mais tempo de profissão, peçam coaching e mentoria, adotem alguém como referência profissional. Eu digo sempre: “Não desistam de seus sonhos! Não fiquem sozinhas. Somos uma rede e juntas somos mais fortes!” Para saber mais sobre a Cris Kussuki, veja seu Linkedin: https://www.linkedin.com/in/criskussuki/
Luciana Lacerda – Diretora de delivery AMS na HPE
“Quando estava muito realizada com a minha jornada de carreira, eu vivi a maior reviravolta da minha vida e precisei me reerguer” – Luciana Lacerda, Diretora de delivery AMS na HPE Comecei minha carreira com o objetivo claro de trilhar uma carreira na área financeira e alcançar posições de diretoria financeira ou Controller. Entretanto, desde que vim para HPE como Analista Financeira, o caminho da carreira técnica batia a minha porta. Foi só em 2008, na Hewlett-Packard Enterprise, mais de 15 anos após minha graduação em Administração de Empresas, quando eu coloquei de vez o pé na área técnica. Era um desafio muito grande profssional e eu tinha acabado de realizar o sonho da maternidade. O desafio era imenso e eu tive que achar o equilíbrio da minha vida – o que eu estava conseguindo com perfeição. Fui pega de surpresa no dia em que meu marido faleceu, em 2012. Eu não sabia como seria capaz, com uma filha de três anos e meio, tocar a vida pessoal e a minha rotina profissional. Eu tinha acabado de perder meu parceiro, que me apoiava em tudo, principalmente na criação da nossa filha. Vi minha carreira realmente ameaçada, mas tinha a certeza que tudo o que eu e minha filha precisávamos era que eu levantasse forte e seguisse em diante. Eu percebi que eu não podia controlar tudo que iria acontecer mas poderia controlar como eu iria reagir. E foi quando eu estava começando a me levantar e olhar pra frente, três meses depois que ele faleceu, recebi um convite da HPE para assumir a América Latina. Aceitei e fui responsável pela cadeia de suprimentos e logística de todas as peças de reposição. Um papel que exigia dedicação, viagens e liderança. Não foi fácil. Eu busquei qualidade de trabalho, oportunidades de crescimento e reconhecimento durante toda a minha trajetória. Eu me apaixonei pela tecnologia que hoje faz parte da vida, do nosso dia a dia, da saúde, lazer e conhecimento. Sete anos depois dessa grande reviravolta e eu olho pra trás e tenho muito orgulho da minha história e em como cresci – profissional e pessoalmente, também. Minha carreira é motivo de admiração e, é claro que a gente sempre deseja mais, mas quando olha os resultados, tudo vale a pena. Eu troquei oito vezes de cargo, nesses 21 anos de HPE, e nunca me candidatei pra nenhum deles. Acredito que isso seja o reflexo da minha dedicação e amor pelo o que eu faço. Soube aproveitar oportunidades e aprender com cada uma delas. Recentemente assumi um novo cargo como Diretora de delivery AMS que vem me trazendo novas aventuras, projetos e desafios! Ser mulher e trabalhar com tecnologia é um desafio mas é também uma tremenda oportunidade de futuro! Existem várias oportunidades que surgem durante a trajetória de carreira e é possível conciliar os vários papéis que a mulher ainda tem na sociedade: ser mãe, cuidar de si mesmo e trabalhar. Para conhecer mais a Luciana clique aqui: https://bit.ly/2GSsY1u