Trabalhar e estudar ao mesmo tempo acabou se tornando o ponto forte de Suelen que tem uma formação acadêmica de arrepiar. Conheça Suelen Carvalho, CTO no Jeitto Meu primeiro contato com desenvolvimento de software foi no curso técnico. Antes, ninguém da minha família atuava na área e eu apenas tinha alguns colegas na escola que se denominavam “hackers”. A primeira linguagem que aprendi foi o Visual Basic 6 e fiquei maravilhada em dar comandos para um computador executar. Lembro ainda de pensar “e as pessoas vão me pagar pra isso?!”. Eu ainda não tinha ideia da trajetória que estava reservada pra mim! Meu primeiro emprego foi em telemarketing, na Odonto Prev, e meu trabalho era basicamente atender secretárias de dentistas solicitando liberações de senha. O que eu não esperava era que o sistema que a empresa usava era em VB6 e eu reparava diariamente em todos os erros e ficava bastante intrigada. Mas isso durou só três meses, já que não passei do período de experiência e fui demitida com mais 30 meninas, por causa de um erro interno. Chorei bastante na época, mas o fato é que essa demissão foi a melhor coisa que podia ter me acontecido! Eu estava prestes a começar a faculdade, bolsista 100% pelo PROUNI, mas minha mãe precisava de ajuda em casa, então eu continuei a procurar emprego. Fiz mais de 10 entrevistas por semana, a maioria em telemarketing e auxiliar administrativo. Um dia, tive que marcar duas entrevistas e a primeira era no McDonald’s. As etapas eram demoradas e lembro que abandonei no meio do processo, durante o teste de montagem de lanche, para não chegar atrasada na segunda. Nessa, eu realmente esperava passar, a vaga era para um estágio em desenvolvimento de software, na TMS Call Center. Alguns dias depois, recebi a notícia de que havia passado e fiquei tão feliz que até gritei ao telefone! Comecei no estágio antes mesmo de começar a faculdade, uma semana antes. Não me arrependo de ter abandonado a primeira entrevista pela metade, tiro sempre o melhor que posso das situações que a vida vai apresentando. Saí de casa bem cedo e desde então preciso trabalhar para me sustentar. Passei por diversas empresas algumas tradicionais, onde fiquei por mais tempo, e algumas startups, uma que inclusive faliu. Apesar da falência a experiência que eu adquiri foi muito positiva e enriquecedora para mim. Por todos os lugares que passei, eu tinha um objetivo bem claro, que era atuar com liderança técnica, e tenho tido sucesso desde então. Meu caminho profissional foi sempre acompanhado pelo estudo. Depois do técnico em processamento de dados, me graduei em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, me pós-graduei como Especialista em Gestão Estratégica de Projetos pelo ITA e fiz um mestrado em Ciência da Computação pelo IME-USP. Não posso dizer que foi fácil, mas no final das contas, isso acabou se tornando o meu ponto forte, já que aprendia a teoria estudando e podia colocar tudo em prática no trabalho. Acredito que a carreira em tecnologia apresenta vários pontos positivos e isso depende muito de cada um. Para mim, a flexibilidade geográfica é muito interessante! Podemos trabalhar de qualquer lugar do mundo, literalmente. Acho também que é a área do futuro. O mundo está se informatizando e para fazer isso acontecer, são necessários mais e mais engenheiros de software. Como mulher, atualmente vejo muito mais meninas no trabalho, na faculdade, nos eventos, mas acho que ainda é pouco. Há 12 anos, quando comecei, era mais difícil ver mulheres ocupando essa área e tínhamos poucos grupos para nos apoiar. Acredito que estamos em um momento bem positivo, mas precisamos dia-a-dia continuar com pequenos esforços, nos mostrar presentes e capazes, para conquistar cada vez mais espaço e equiparar nossos direitos. Muitas vezes nossa aparência física chega antes da nossa capacidade e, apesar de isso não ter impactado muito na minha carreira, passei por algumas situações negativas que me fizeram ainda mais persistente. Se posso deixar uma dica para meninas que têm vontade de seguir esta carreira é que não deixem que ninguém as convença de que vocês não merecem aquilo que querem. Busquem aprendizados em todas as situações da vida, por piores que elas pareçam. E o mais importante: nunca deixem de estudar! Há sempre alguma coisa nova para ser aprendida.
Simplesmente Yasmin Oliveira…
No final do ano de 2016, mais precisamente em 4 de Dezembro, realizamos o Primeiro Encontro Anual do nosso Projeto #SerMulherEmTech #Inspirar # Encantar. Havíamos começado o projeto em junho deste ano e já em Dezembro acreditávamos que seria importante marcar estes primeiros meses de atuação. Como trabalho na SAP, por facilidade e por ter recebido apoio da empresa através de sua Diretoria de Comunicações e Responsabilidade Social, o Encontro aconteceu na SAP em São Paulo. Reunimos um grupo de aproximadamente 50 meninas , vindas de projetos sociais da SAP, DXC e filhas de funcionários da SAP na faixa etária de 14 a 17 anos. Nosso objetivo era passar informações sobre a carreira na área de TI: as diversas formações existentes, os diferentes caminhos de carreira, os obstáculos e, principalmente, os vários aspectos positivos em se seguir a carreira na área de tecnologia da informação. Neste grupo estava Yasmin Oliveira, participante de um programa de Responsabilidade Social da SAP. Desde então, Yasmin tem participado no grupo fechado do projeto no Facebook através do qual continuamente compartilhamos informações. Há alguns dias, tive a felicidade de receber um email da Yasmin que venho aqui compartilhar com vocês: “Oi, eu queria agradecer muito pelo Blog e principalmente as palestras, que foram muito importantes pra mim e me ajudaram a escolher um rumo e decidir o que eu quero para vida, e principalmente para minha carreira, agora tenho certeza que quero #sermulheremtech. Obrigada mesmo.” Vocês conseguem imaginar a minha alegria e a de todas as colaboradoras do Projeto? Objetivando captar o testemunho da Yasmin para sensibilizar outras meninas no futuro, pedi a ela para elaborar um pouco mais o seu testemunho, o que resultou no texto abaixo: “O projeto #sermulheremtech #Iinspirar #encantar me ajudou bastante a escolher minha profissão e criar metas para o meu futuro porque me deu uma possibilidade que eu nunca tinha pensado sobre. Quando entrei no ensino médio eu não tinha certeza sobre o que queria fazer e pensava que minha área era biologia, até ir assistir o primeiro encontro do projeto, que aconteceu na SAP, sai de lá encantada com as histórias que as mulheres que participaram contaram e decidi que aquilo era exatamente o que eu queria, ser uma mulher importante e reconhecida mesmo em um ambiente praticamente comandado por homens. Depois disso comecei a pesquisar sobre cursos e sobre tudo que me levasse a conhecer a área da tecnologia. E agora depois de terminar o ensino médio estou cursando Sistema de Informação na Anhembi Morumbi e pretendo ainda esse ano começar um curso técnico em tecnologia da informação.” E o texto da Yasmin, não por acaso, está sendo divulgado no primeiro dia do mês de março, mês em que mundialmente comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Você quer nos ajudar a inspirar mais meninas? Compartilhe esta história. Faça mais meninas conhecer o nosso projeto acessando: www.sermulheremtech.com.br Nosso projeto já impactou 200 meninas desde a sua criação e estamos com planos agressivos para 2018! Aguardem notícias. Muito feliz!
Entrevista com Silvia Coelho.
“Sou movida a desafios. Eu não vou ser mais uma a desistir! “ Para Sílvia Coelho, mestre em engenharia elétrica e administradora do grupo @ElasProgramam, o caminho para as mulheres na área da tecnologia ainda está longe de terminar Costumo dizer que eu vim antes da tecnologia. Na minha infância, o que tinha de mais avançado era a TV a cores, e o controle remoto era o irmão caçula. Ter telefone em casa era coisa de rico, os pobres mortais usavam o velho amigo orelhão. Tecnologia mesmo era no cinema, em filmes de ficção científica. Eu estudei em escola pública durante toda a minha vida. Venho de uma família humilde e quando era jovem não sabia muito bem quais eram as minhas opções para o futuro. No meu tempo, as carreiras eram divididas em ciências exatas, biológicas e humanas, e como eu era uma excelente aluna de matemática, tive apoio para seguir nas exatas. Meu pai foi autodidata, aprendeu a profissão de eletricista e radio técnico em um curso por correspondência. Consertava televisões, aparelhos de som, toca-fitas de carros, e acho que a semente da curiosidade por saber como as coisas funcionam e não ter medo delas, foi plantada aí. Na oitava série, meu professor de matemática enxergou meu potencial e um dia me pediu uma foto e meus documentos, para me matricular no curso preparatório para prestar a Escola Técnica Federal do Pará. Ele pagou a minha inscrição e confiou em mim, ele sabia que o resto era comigo. Fiz o curso técnico em Eletrotécnica e depois fiz Eletrônica no Senai. Prestei vestibular e me graduei em Engenharia Elétrica com ênfase em Eletrônica pela Universidade Federal do Pará. Hoje, tenho mestrado em Engenharia Elétrica pela Unicamp – Universidade Estadual de Campinas, na área de Comunicações Móveis e Sistemas Celulares. Então, quando a tecnologia chegou, eu já estava preparada para ela. Quando fiz meu mestrado, a área de sistemas celulares ainda estava nos primeiros passos do que conhecemos hoje. Minha vivência deixou tudo muito natural e familiar para mim. Nenhum avanço tecnológico me assusta. O que me deixa aterrorizada é o fato de a maioria das mulheres não seguirem carreiras em TI. Mais do que uma apaixonada por tecnologia, meu interesse maior é incentivar mulheres a entrarem para a área. Como é uma área em constante evolução, podemos nos reinventar e recomeçar sempre, não importa a idade. Portanto, a longevidade na carreira é, na minha opinião, o que há de vantajoso na área. Há 9 anos, eu parei de trabalhar para me dedicar à maternidade e hoje, com a decisão de me recolocar no mercado, eu vejo a enorme oportunidade de aproveitar meu conhecimento e aprender ainda mais. Não quero voltar a trabalhar por questões financeiras, mas pelo desafio. Eu não vou ser mais uma a desistir! A carreira em TI é mágica, ilimitada, divertida e apaixonante. É sempre um desafio porque é um espaço predominantemente masculino. Precisamos vencer o preconceito de que não é carreira para mulher, nos blindar de comentários inadequados, de questionamentos da nossa capacidade e provar que somos competentes o tempo todo. Com o tempo, a mulher adquire experiência e aprimora suas habilidades naturais de liderança, resiliência e comprometimento, mostrando todo o seu potencial. É uma carreira desafiadora, sim, mas mulheres são merecedoras de ocupar esse nicho tão importante da sociedade. Com o @ElasProgramam eu quero conectar as mulheres com esse mundo tão maravilhoso da TI. Eu quero ensiná-las que tecnologia é coisa de menina, sim, e que somos tão capazes quanto os homens de seguirmos carreira nessa área. Existem muitas oportunidades, com salários atraentes e a possibilidade de sermos muito bem-sucedidas. Precisamos principalmente de tempo e dedicação, porque essa é uma área que avança exponencialmente, o que nos traz a vantagem do aprendizado e evolução, mas vem com muita pressão externa e interna para se manter sempre atualizada. Minha mãe sempre me dizia que eu ia longe, mas não sabia o quanto. E eu só cheguei até aqui porque abracei as oportunidades que apareceram e porque tive mentores que me ajudaram ao longo do caminho. Hoje, sou realizada e sei que ainda tenho muito pela frente como uma mulher na tecnologia. Sigo agora com uma certeza: quero levar comigo todas as meninas e mulheres que eu puder!
Monica Tokuhara – Diretora de Soluções da CA Technologies.
Equilíbrio, resiliência e inspiração são os três mandamentos para a carreira em tecnologia. Conheça Monica Tokuhara, Diretora de Soluções da CA Technologies. Se eu pudesse dar um conselho para mim mesma, seria para valorizar todos os aspectos da minha vida, não apenas minha carreira. Um lado positivo de estar envolvida com a tecnologia é que posso aproveitar oportunidades de me desenvolver em diversas áreas e, nesse mundo dinâmico que a tecnologia nos envolve, precisamos manter a cabeça sempre presente para não nos perder em meio a tantas possibilidades. Sou formada em tecnologia de processamento de dados e sei que posso atuar desde a definição de produtos e desenvolvimento de software, até a inclusão de novas arquiteturas. Só assim para nos manter líderes nesse mercado competitivo. Por vezes, não há tempo suficiente para acompanhar as atualizações do mundo tecnológico. O que não é uma coisa negativa! Mas exige de nós que busquemos um equilíbrio entre o trabalho, o aprendizado e a nossa vida pessoal. Pessoalmente, não tive entraves para trabalhar em TI. Sempre tive a sorte de encontrar profissionais que me apoiaram e me ajudaram a trilhar meu caminho. Apesar disso, sei que existe sim um desconforto em ser mulher nessa área, porque precisamos nos provar capazes constantemente e quase sempre redobrar nossos esforços para nos igualarmos aos “meninos”. Durante a graduação, eu tinha um foco claro, que era ingressar no mercado de trabalho. Por isso, acredito que o comprometimento fez com que as portas se abrissem para mim. Eu, Monica, nunca passei por uma situação constrangedora porque sempre encarei o respeito como fator essencial. Acredito que nosso comportamento define os limites que não se pode ultrapassar. Mas tão essencial quanto o respeito, a resiliência se mostra como uma característica indispensável para uma mulher em tecnologia. Hoje em dia, vejo que o mercado está mudando a percepção equivocada de que as mulheres não têm condições de assumir cargos de liderança. Vejo o empoderamento feminino se consolidar e, com a mudança do mindset da sociedade, acredito muito que as mulheres tenham muita pista para provar seu valor, e que eu ainda tenho muito a aprender! No início da minha carreira, eu acreditava que poderia trabalhar apenas em desenvolvimento de sistemas. Mas os caminhos que segui e as pessoas do bem que encontrei, permitiram que eu tivesse a oportunidade de aprimorar outras habilidades. Considero muito especial o apoio e reconhecimento de todos os profissionais que tive a oportunidade e honra de trabalhar. Hoje, contando a minha história, quero oferecer o meu suporte para que outras meninas tenham a mesma oportunidade que eu. Confiem em si mesmas e dediquem momentos de reflexão às falhas, para aprenderem as lições que elas têm para nos ensinar. Para mim, equilíbrio, resiliência e inspiração são os três mandamentos para a carreira em tecnologia. Sigam com isso em mente e tenho certeza que nos veremos em breve no mercado de trabalho!
Thais Neubauer – Analista jr da equipe de engenharia de dados do Datalab, o laboratório de inovação da Serasa Experian
“Não escute o que os outros falam – Tecnologia não é coisa de menino!” Conheça Thais Neubauer, analista jr da equipe de engenharia de dados do Datalab, o laboratório de inovação da Serasa Experian Ser mulher me faz mais forte no meu ambiente de trabalho. Eu sei que a sociedade diz o contrário, mas para mim, é o que me faz ainda melhor. Me descobri na tecnologia por acaso, quando fui me matricular no colegial no Instituto Federal de São Paulo e descobri que o ensino médio era integrado ao técnico de informática. Fazia questão de estudar lá. Sempre fui focada no meu desenvolvimento acadêmico e conhecia os resultados da escola. Não tive dúvida, me matriculei no curso mesmo sem saber muito bem do que se tratava. Acho que essa é a parte mais importante da minha história, porque foi aqui que a Thais de hoje se descobriu. Durante o curso, percebi que meu interesse pela área da tecnologia me fazia mais curiosa, com mais vontade de aprender, e encontrei bastante afinidade com minha maneira de pensar. Tenho um perfil bastante metódico e a lógica computacional sempre me pareceu um jeito certo de desenvolver um raciocínio. Para mim, entender sobre as pautas atuais e ter propriedade para falar sobre é um dos pontos positivos. Todo mundo precisa da tecnologia, de uma forma ou de outra. E eu, no alto dos meus 24 anos, sei bastante sobre o assunto. Calma! Eu sei que ainda tenho muito para aprender. E sempre vou ter! Essa é uma das características da carreira em tecnologia, é tudo muito dinâmico. Precisamos sempre nos atualizar, aprender constantemente. Estou no começo da minha carreira e no mercado de trabalho eu ainda tenho muito espaço para explorar, ainda mais porque o leque de atuação nessa área é muito amplo. Agora, meu desenvolvimento é o principal. Estou cursando uma pós-graduação em sistemas de informação e tenho a oportunidade de trabalhar em um lugar incrível. Um laboratório de inovação é exatamente o lugar que uma jovem da área da tecnologia quer trabalhar! Confesso que tenho poucas colegas mulheres, mas sinto que estamos conquistando o nosso espaço. Para mim, ser jovem e ser mulher é uma força. Com um mercado dominado por homens, o nosso mindset é inovador e é a nossa forma de pensar as coisas diferentes que vai garantir que a gente conquiste a tecnologia. É preciso manter sempre a mente aberta para conhecer as oportunidades, independente do que a sociedade fala. Não, tecnologia não é coisa de menino! Para conhecer o perfil completo da Thais clique aqui.
Karen Rodrigues – SAP IT Supervisor da Coca-Cola Andina
“Faça o que você ama e o que te faz ser melhor a cada dia, não o que paga mais!” Conheça Karen Rodrigues, SAP IT Supervisor da Coca-Cola Andina, educadora e apaixonada pela tecnologia. Imagina apertar um único botão que substitui toda uma engenharia com fórmulas e macros de planilhas no Excel? Foi isso que aguçou a vontade de Karen Rodrigues de entender como funciona o sistema por trás de processos de automação. Veja o que relata Karen sobre a sua trajetória profissional! “Sempre tive dúvida sobre o caminho que eu queria seguir na minha vida profissional, então na hora de escolher a faculdade, optei pelo curso mais abrangente. Me formei em administração de empresas porque senti que ainda teria pelo caminho algumas chances de me descobrir, de identificar minhas aptidões. A transição para a carreira técnica, em sistemas, aconteceu por acaso, com uma oportunidade de colocar em prática meus conhecimentos de negócio para construir soluções práticas que trouxessem benefícios reais e palpáveis para as empresas. Saber como as coisas funcionam por trás das interfaces e ser uma agente de inovação é o combustível que me faz continuar, além de ter o privilégio de ser uma educadora e poder compartilhar meus conhecimentos e experiências. Sempre trabalhei rodeada de homens. Mesmo quando meu foco eram os negócios, a presença masculina era predominante. Vejo que agora essa é uma das áreas que as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço. Esse pensamento de que quem trabalha com tecnologia é homem está defasado, e isso reflete na quantidade de mulheres líderes que eu tenho visto na empresa que trabalho e no mercado como um todo. Apesar desse crescimento da presença da mulher na liderança das empresas de tecnologia, sinto que uma barreira que ainda enfrentamos é que quando conseguimos uma posição mais alta, nosso background é questionado. O quanto você estudou, o quanto você batalhou para chegar até ali, não é percebido. As pessoas ainda acham que se você é mulher, subiu porque é bonita, não porque você é inteligente e trabalhou para conquistar aquilo. Ainda assim, a carreira em tecnologia oferece muitos benefícios. Para mim, um deles é a oportunidade de conhecer novos lugares. Nos últimos anos, morei em sete cidades diferentes pelo Brasil e tive a oportunidade de imergir nas culturas locais. Cultivo até hoje amigos e experiências que me enriqueceram como pessoa e como profissional. Acredito que a diversidade é essencial para o futuro dos negócios e da tecnologia. Com motivação, paixão, atualização constante e paciência, essa carreira pode nos levar muito longe!”
Tatiana Veneroso, Gerente de Produtos Data Center da EMBRATEL – Claro Brasil
“Na tecnologia, a busca pelo novo nunca termina.” “Será que eu estou no lugar certo?“ Foi a primeira coisa que pensei quando entrei na sala do colégio e vi apenas 5 meninas entre os 40 alunos da classe. Tenho formação em tecnologia desde cedo, quando concluí o técnico em processamento de dados e, apesar de estar em um mundo completamente diferente, meus pais sempre me apoiaram, mesmo não entendendo muito bem o que eu fazia. Eu me interessei por essa área porque senti a necessidade de descobrir o novo sempre. Entendi que era uma área tão ampla, tão cheia de oportunidades de aprendizado e desenvolvimento profissional, que fui aos poucos descobrindo minha aptidão. Na época, o curso era novo e muito pouco procurado por mulheres. Minhas amigas foram fazer secretariado ou administração de empresas. Então eu me perguntava se estava no caminho certo, mas me lembro de não me arrepender nem um segundo. Eu vi a internet nascer, as redes sociais serem criadas, o avanço da tecnologia complementando todas as indústrias e nichos do mercado e isso me deixava encantada. A busca pelo novo nunca termina, sempre tem alguma coisa para ser aprendida ou aprimorada! Sempre gostei da área de infraestrutura de tecnologia, com foco técnico, e por isso, na hora de ir para a faculdade, não hesitei em escolher ciência da computação. Lá, o choque foi ainda maior: em uma sala com 98 pessoas, apenas 12 eram mulheres – e apenas 8 delas chegaram no final do curso comigo. Confesso que sofri mais preconceito no dia-a-dia do trabalho do que durante meus estudos. Ouvi piadas e brincadeiras, mas nunca me deixei abalar. Consegui inclusive uma boa relação com meus professores – em maioria… adivinha! Homens! – e um deles me deu uma oportunidade em uma empresa. Ele sempre me apoiou muito, a mim e as outras meninas da sala. No final da faculdade, acabei sendo a oradora da sala na formatura. Fui escolhida entre tantos homens e para mim e para imagem da mulher nos cursos de tecnologia, acho que foi bastante representativo. Na minha carreira passei por algumas situações difíceis por ser mulher. Pessoas do meu time que questionavam a minha capacidade e gestores que faziam piadas preconceituosas e não me respeitavam. “Mas ela sabe do que está falando, tecnicamente?” Tive frequentemente que me posicionar como uma profissional séria que não tolerava esse tipo de comportamento e sempre consegui que me compreendessem. A mulher ainda tem muito a mostrar, principalmente, que somos tão capazes quanto qualquer um. Acho que precisamos nos desenvolver constantemente, buscar por inovações e saber estar presente. Deixar as pessoas saberem quais são nossos pontos fortes, criando uma marca para ser reconhecida. Em 2004, tive a oportunidade de ser escolhida para participar de um programa na Califórnia e era a única mulher entre os participantes. Isso me fez crescer ainda mais e ver que eu estava realmente no caminho certo. Vejo que as meninas ainda são pouco estimuladas a estudar matemática, ciência e tecnologia e isso contribui para a pouca participação feminina nesses mercados. Mas já é possível ver a diferença, com o boom tecnológico, de como estamos pleiteando um espaço nesse universo. Para mim, é importante ser inspiração para outras profissionais. A troca de aprendizado é essencial e eu faço questão de compartilhar minhas experiências para que outras meninas sigam esse caminho. Se eu pudesse dar uma dica para a Tatiana de 1994? Não desista! Corra atrás dos seus sonhos e não deixe ninguém te dizer o que você pode ou não fazer por ser mulher. Nunca duvide da sua capacidade. Isso vale para qualquer menina que esteja pensando em seguir essa carreira. E querem saber? Eu faria tudo de novo!
Karin – Gerente de Desenvolvimento da SAP Brasil
“Não existe desenvolvimento na zona de conforto. Desafie-se sempre.” Conheça Karin, Gerente de Desenvolvimento da SAP Brasil Karin Lorena é Gerente de Desenvolvimento de Negócios na SAP Brasil e é especialista em adaptar-se a mudanças e lidar com o desconhecido. Com interesse na área de tecnologia desde os 15 anos, Karin segue hoje uma carreira focada em resultados, usando suas habilidades de resolução de problemas e pensamento estratégico. Formada em engenharia elétrica em uma universidade com estudantes na sua maioria homens, a executiva enfrentou diversos desafios para chegar a posição que ocupa hoje. A pressão de ser a única mulher em momentos decisivos não a impediu de explorar todo o seu potencial e, inclusive, serviu de força para que Karin se destacasse em suas atividades. Com grande experiência em outros países e áreas de atuação, a trajetória da executiva retrata bem como funciona o universo da mulher na tecnologia. Ela nos contou um pouco sobre sua trajetória, para inspirar outras meninas a seguirem seus passos. Confira a entrevista abaixo! Qual é sua Formação Acadêmica? Sou formada em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da USP. Depois da graduação fiz pós-graduação em Administração de Empresas na FGV. Porque escolheu uma carreira na área técnica? Teve influência da família? Para se ter uma ideia de contexto, quando comecei o meu primeiro estágio, a empresa não tinha computadores nos departamentos. Era um pool, que todos os funcionários se revezavam para utilizar por um tempo determinado. Meu pai é Engenheiro Químico, trabalhou muitos anos em multinacionais desta área. Minha mãe é Professora de Inglês, trabalhou em escolas estaduais e foi professora de Literatura Inglesa em cursos de Universidades de Letras. Sempre recebi muito apoio em casa para escolher o curso que eu tivesse mais aptidão, eles sempre apoiaram as minhas decisões. Desde cedo gostava da área mais técnica. Fiz cursos de programação quando tinha 15 anos, em uma época em que isso era muito raro. O que a fez se interessar pela área de tecnologia? Eu tinha afinidade com a área, sempre fui muito curiosa e adorava ver o efeito que as linhas de programação realizavam, seja para fazer rodar um objeto na tela ou ajudar a montar um banco de dados para alguém. Na época, muita coisa que temos hoje, parecia ficção científica. Na sua visão, qual é o lado positivo de ter carreira em tecnologia? Em tecnologia, a gente aprende, desaprende e reaprende a vida toda. Essa é uma competência cada vez mais essencial. Não existe monotonia e não existe limite para o que se pode fazer. Diga uma palavra que define a carreira em tecnologia Dinamismo. Na sua visão, qual é o lado negativo ter carreira em tecnologia? Eu acho fundamental manter vínculo com as necessidades do mundo real, das pessoas a sua volta. A carreira em tecnologia pode tornar as pessoas míopes em relação a isso. Como é a carreira em tecnologia para mulheres? Muitas empresas de tecnologia estão mais abertas a modelos de trabalho mais flexíveis, o que é uma vantagem para buscar mais equilíbrio entre vida pessoal e profissional. A velocidade de inovação é fascinante, esteja preparada para estar sempre aprendendo coisas novas. O que diria para meninas em relação a seguir carreira em tecnologia? Não se deixe intimidar por ser a única mulher em uma reunião, seja resiliente, confie no seu potencial. Procure conhecer outras mulheres com carreira na área de seu interesse e busque mentores de carreira. Algum fato curioso de sua carreira que gostaria de compartilhar? Tive a oportunidade de trabalhar na Alemanha em duas oportunidades. A primeira vez foi em 1999, em um projeto específico com duração de quatro meses. A segunda vez foi em 2003, por um período de dois anos e meio em Munique. Realmente foram muito impactantes no meu desenvolvimento pessoal e profissional. O que há e/ou houve em sua trajetória que considera especial e que gostaria de compartilhar com as meninas para encantá-las? Busque inspirações sempre: pessoas, palestras, projetos. Não fique remoendo os problemas, foque na solução.
Alessandra – COO Americas do Grupo TMF
“Um olhar sempre atento ao desenvolvimento de pessoas.” – Conheça Alessandra, COO Americas do Grupo TMF Com o sonho de se tornar médica, Alessandra Almeida começou a trabalhar desde cedo para ajudar sua família. Como a carreira em medicina não se encaixava em sua realidade, a COO do Grupo TMF, dedicou-se a um colegial técnico em processamento de dados e enfrentou por muitos anos os desafios do mercado de tecnologia. Sem abandonar o sonho do cuidado às pessoas, ela é atualmente responsável pela gestão de um grande time multicultural, e faz questão de garantir que todos de sua equipe explorem seu potencial ao máximo, com um olhar atento ao desenvolvimento de cada um. Trabalhei com a Alessandra por quase dois anos na SAP e pude testemunhar sua dedicação, foco e compromisso com qualidade. Sob a liderança dela, foram implementadas várias práticas estratégicas na Companhia. Carisma é uma de suas marcas. Com duas filhas ainda no ensino fundamental e equilibrando a vida pessoal e profissional, Alessandra nos contou um pouco sobre sua história e carreira em tecnologia. Confira abaixo a entrevista! Qual é sua Formação Acadêmica? Sou formada em Administração de Empresas, com MBAs em Engenharia de Computação, pelo Mackenzie; International Business, pela Business School São Paulo e Toronto University – Rotmann School; e Finanças, Controladoria e Auditoria, pela FGV. Porque escolheu uma carreira na área técnica? Teve influência da família? De início meu sonho era me tornar médica. Porém, venho de uma família humilde e comecei a trabalhar bem cedo. Nessa época pensava em me dedicar a algo que representasse o futuro, trouxesse inovação e mudasse a forma como as pessoas trabalhavam, e, obviamente, pudesse me gerar uma renda para realizar meus sonhos. Assim veio a ideia de fazer colegial técnico na área de Processamento de Dados. E gostei! Percebi que tinha muita lógica e que gostava das “coisas estruturadas”. De início, fui programadora – atualmente chamamos desenvolvedora! –, analista de sistemas, responsável por equipes de desenvolvimento, e assim fui progredindo. O que a fez se interessar pela área de tecnologia? A possibilidade de ver as vidas e os negócios se transformarem com o apoio e inteligência trazida pela tecnologia. Na sua visão, qual é o lado positivo de ter carreira em tecnologia? Participar desta transformação, aprender continuamente. Diga uma palavra que define a carreira em tecnologia. Atualização. Na sua visão, qual é o lado negativo ter carreira em tecnologia? Não vejo lado negativo nenhum! Graças a este constante treinamento, hoje a pressão me afeta muito pouco. Porém, no começo da minha carreira, sempre quando estava envolvida em algum projeto, a pressão e a compensação de eventuais atrasos de definição pela área de negócios acabava afetando os prazos da área de tecnologia e, automaticamente, nos tornávamos os responsáveis por retirar o atraso. Os prazos do meu time eram apertados e tínhamos que produzir mais, mais rápido, testar e “entrar em produção” com tudo funcionando perfeitamente! O que diria para meninas em relação a seguir carreira em tecnologia? Invistam em serem as melhores: estudem, aprendam idiomas, tenham curiosidade por testar coisas novas. Dediquem-se. Procurem cursos para desenvolver-se. Inspirem-se: busquem os famosos “ role models”, em minha vida tive e tenho vários. Compartilhem e troquem experiências. Algum fato curioso de sua carreira que gostaria de compartilhar? Acho que não é um fato curioso, mas relevante para compartilhar. Eu era boa em programação (desenvolvimento), mas percebi que gostava muito de pessoas. E gostava de saber como elas trabalhavam, em que sequência realizavam as suas atividades. E percebi que, na tecnologia, eu era o que denominavam “analista de sistemas”, ou “analista lógico de sistemas”, o que hoje é denominado “arquiteto de solução”. Eu adorava conhecer e idealizar todo o projeto, inclusive internamente, que era algo mais técnico, como estrutura de tabelas etc. Isso me permitiu ingressar em áreas como eficiência operacional, pois para que seja capaz de promover eficiências é necessário ter visão clara do antes para projetar um “futuro” melhor. O que há e/ou houve em sua trajetória que considera especial e que gostaria de compartilhar com as meninas para encantá-las? Graças à tecnologia eu pude conhecer vários países e trabalhar em diferentes setores econômicos. Trabalhei em centros de desenvolvimento no Brasil e no exterior. Atualmente, trabalho na área de Operações, com escopo Américas, o que me permite ter contato diário com várias nacionalidades, e minha experiência na área de tecnologia me permite ser mais precisa e assertiva nas decisões que tomo com meu time. Mais algum comentário? Façam o que gostam. Isso ajudará na motivação diária, no enfrentamento dos desafios, no prazer pelos resultados alcançados, para que sejam grandes profissionais.
Analy de Magalhães – CIO da Lactalis
Saias: usar ou não usar? Entrevista com Analy de Magalhães CIO da Lactalis. Olá! Hoje nossa entrevistada tem algumas situações em sua trajetória profissional muito peculiares (para não dizer engraçadas). Vocês acreditam que, só depois de 20 anos de carreira na área de tecnologia da informação, ela passou a usar vestido ou saia no trabalho? Qual a razão? Simplesmente porque ela era da área de redes, sempre trabalhando com homens que apostavam entre eles o dia que ela viria ao trabalho de saia e teria que dar manutenção em cabeamento de redes arrastando-se pelo chão… Este contexto faz parte da história de Analy Magalhães, CIO da empresa Lactalis. Vamos ver um pouco mais o que a Analy nos conta. Analy, qual é sua Formação Acadêmica? Fiz graduação em Ciências da Computação e Pós Graduada em Gestão de Telecom, Gestão de Projetos e MBA em Gestão de Negócios. Porque escolheu uma carreira na área técnica? Teve influência da família? Totalmente influenciada pelo meu pai que gostaria de ter tido filho homem, me vestia com uniforme do Palmeiras, me ensinou a atirar com arma de fogo, trocar pneus de carro e por final a programar e gostar de tecnologia e inovação. O que a fez se interessar pela área de tecnologia? Vivência do novo, diferente. Na sua visão, qual é o lado positivo de ter carreira em tecnologia? Novidade, construção, transformação. Quando você acha que sabe algo, tudo muda. Nunca tem rotina nem repetição. A inovação e o risco mantem a chama. Poder simplificar e automatizar um processo do usuário, tornar a vida dele mais simples, liberando-o para serviços mais nobres faz os olhos brilhares. A maior recompensa é ouvir o relato singelo do seu cliente interno de como você mudou a vida dele para melhor. Ainda minimizando os riscos e aumentando a produtividade. Maior empregabilidade em comparação a outras áreas. Diga uma palavra que define a carreira em tecnologia. Vou ter que dizer três que vem sendo minhas palavras nos últimos tempos: INTENSA, DENSA e TENSA. Na sua visão, qual é o lado negativo ter carreira em tecnologia? Requer reciclagem constante. Parar de estudar e aprender são proibitivos nesta profissão. A obsolescência acontece muito rapidamente pela mudança de tecnologias. Sou uma apaixonada pela área então ainda o que é ruim pode ser muito bom… Como é a carreira em tecnologia para mulheres? Eu nunca tive grandes problemas ao longo da carreira. No inicio talvez um pouco mais porque era técnica e de infraestrutura onde é uma área especialmente masculina. Quando fui provedora de serviço e chegava aos clientes para resolver os problemas deles e me perguntavam se eu tinha vindo sozinha porque ninguém sendo mulher, baixinha, aos 20 anos parece conseguir resolver um problema complexo. Mas ai você resolve o primeiro problema e vem à confiança e o relacionamento. A partir deste momento a questão do gênero rapidamente desaparece. Mas até este ponto às vezes pode cansar porque é um constante mostrar a que veio. O que diria para meninas em relação a seguir carreira em tecnologia? Meninas sigam este caminho. Quando tem amor tudo pode ser muito bom. O mundo de tecnologia precisa de vocês. A diversidade de opiniões faz o mundo melhor e mais completo. A tecnologia precisa ser vista pela ótica feminina. Algum fato curioso de sua carreira que gostaria de compartilhar? Vim usar saia agora depois de 20 anos de TI Acho que levei isso pra vida toda e somente agora desapeguei e me libertei. O que há e/ou houve em sua trajetória que considera especial e que gostaria de compartilhar com as meninas pra encantá-las? Ter líderes inspiracionais. Trabalhar com gente especial motiva e transforma a trajetória. Escutar encurta os caminhos, sempre. Mais algum comentário? Estou a disposição para dicas para essa garotada. Boa sorte meninas!!! J Segue meu perfil no Linkedin – https://www.linkedin.com/in/analy-magalhaes-8b82a4