“Ao mesmo tempo que é extremamente desafiadora, a tecnologia é uma área de colaboração e de infinitas possibilidades para o aprendizado”, Roberta Ezar – Sócia de Digital & Data Analytics da Ernst & Young Introdução: Das atividades operacionais à sociedade na divisão de Digital & Data Analytics de uma das maiores multinacionais de serviços profissionais do mundo, Roberta Ezar contradisse as estatísticas da sua turma de Processamento de Dados, composta por quase 50 homens e, diferente das suas três colegas mulheres, não seguiu o caminho da área comercial e mergulhou de cabeça em projetos de desenvolvimento. Vem conferir e se inspirar nessa trajetória de sucesso: Comecei a trabalhar ainda muito cedo aos 14 anos como recepcionista em um cursinho em troca da bolsa de estudos. Fiz um curso técnico de Nutrição, mas para a Graduação escolhi Processamento de Dados, tendo como inspirações: meu tio que era Analista de Sistemas e minha tia que tinha uma carreira de sucesso no setor financeiro. Meu caminho foi construído com muito estudo e dedicação. Mergulhei de cabeça nos projetos e consegui desenvolver minha carreira com boas oportunidades, colegas e líderes que me apoiaram para que eu pudesse desenvolver o meu melhor. Os primeiros anos na profissão não foram fáceis, eu gostava mesmo da parte técnica e fiz estágio em uma revenda HP atuando como suporte. Foi uma fase operacional em que eu colocava a mão na massa e enfrentava a desconfiança do meu gestor, que questionava se eu ‘daria conta’ de trabalhar a noite por muitas horas em uma função tão específica e até mesmo braçal. Em outra oportunidade em uma indústria de fotografia, aprendi bastante sobre redes e implementação de ERP e CRM, assim consegui me destacar pelo desenvolvimento dos relatórios e gradualmente surgiram vários projetos para customização das aplicações. Em mais cinco anos eu estava imersa no desenvolvimento de softwares (já em outra empresa). Quando vejo o que mudou do começo da minha carreira para o momento atual no que diz respeito à diversidade, percebo muitas mudanças e abertura para equipes mais heterogêneas. Por alguns anos eu era questionada por ter tatuagem e cabelo vermelho, mas nunca me importei muito com esses julgamentos. Eu respondia os comentários na prática, sendo destaque nas entregas. Com o tempo percebo o quão importante é incluir pessoas diferentes no time e abracei também como uma missão apoiar as ações de inclusão. Projetos de excelência, estudos e dedicação até chegar ao alto nível executivo Há 16 anos estou na EY e antes disso, passei por vários clientes, mudei de consultoria duas vezes e desde 2005 venho me desenvolvendo na Ernst & Young, que tem muita influência da cultura Norte Americana. Consegui chegar à sociedade na divisão Digital & Data Analytics o que é extremamente gratificante e demonstra que sim, é possível para nós mulheres sermos convidadas para compor o alto nível executivo, claro que tudo isso com um preço. Muitas vezes tendo que deixar a vida pessoal em segundo plano e dedicar seu tempo em viagens a trabalho e manter o estudo contínuo. Além do inglês tradicional aprendido na escola, fiz aulas particulares e conclui uma Pós-Graduação em Desenvolvimento de Software e outra em Administração. Hoje meu conselho para as mulheres que começam na profissão é que não criem tantas barreiras para si, não exijam ter milhares de certificações ou o inglês avançado para começar. As oportunidades aparecem e a qualificação vai naturalmente ser exigida e desenvolvida, com isso, é possível encontrar oportunidades compatíveis com o grau de conhecimento. Nem só de parte técnica se constrói uma executiva de sucesso Além da parte técnica eu sempre gostei muito de humanas o que me levou a desenvolver aptidões de liderança. Estudo muito antropologia e culturas. Em 2019 tirei um período sabático para estudar melhor inovação na Ásia e foi uma experiência incrível entender como esses povos priorizam mais o senso coletivo no dia a dia. Nesses anos de experiência e de aprendizado, tento estimular líderes homens a darem lugar de fala para as mulheres de suas equipes, incitarem a participação em reuniões e projetos, permitindo que sejam ouvidas e respeitadas de forma igualitária. Para as meninas que desejam ingressar na área, meu conselho é: se você sentir que gosta, só venha. É uma área muito desafiadora, mas também muito divertida e cheia de oportunidades, que demanda muita dedicação e que será recompensada por dias únicos que dificilmente terão uma rotina engessada. ______ Para acompanhar os projetos e a rotina da Roberta, siga seu perfil: https://www.linkedin.com/in/robertaezar/ Texto de: Érida Silva -> https://www.linkedin.com/in/erida-silva/
Amanda Fioretti – Coordenadora de Serviços de TI na Cielo
“Brilho nos olhos e paixão pelo trabalho são as competências essenciais pra qualquer pessoa de sucesso na tecnologia”, afirma Amanda Fioretti, Coordenadora de Serviços de TI na Cielo Muitas vezes ouço pessoas declararem com certeza que as melhores coisas da vida surgem inesperadamente. Eu, ainda que cética de primeira, considerando a minha trajetória profissional, tenho que concordar. Lá por meados de 2006, de volta no Brasil depois de um ano de intercâmbio no colegial, comecei o cursinho para prestar Relações Internacionais em universidade pública. Em um tropeço, não passei na primeira tentativa, então resolvi mudar de rumo. Uma colega minha que trabalhava na IBM (International Business Machines Corporation) me indicou para uma entrevista lá e, a partir de então, tudo começou a caminhar. No início, cai de paraquedas naquele universo vasto e desconhecido da TI. Fiz o curso inicial de formação na empresa ainda sem nem saber o que era TI, propriamente dito. Entretanto, sem demora, me apaixonei por Mainframe e alcei voo com o novo emprego no GCC (Global Command Center). A convivência com todos os tipos de pessoas com diversos graus de formação foi demasiado enriquecedora e, sem duvida, um pontapé inicial que me deu força para enfrentar alguns dos desafios na carreira adiante. Como nem tudo é sempre tranquilo, logo chegou a turbulência. É inevitável se assustar diante da predominância masculina seja em cargos de liderança, seja no corpo profissional em geral. Mas, passado o primeiro tranco, já comecei a me inserir a meu modo na comunidade tecnológica. Não me entenda mal, “a meu modo” não significa com o jeitinho bonzinho, paciente e frágil que vulgarmente é atribuído a nós, mulheres. Pelo contrário, ganhei meu espaço através da assertividade e determinação em prol do aprendizado e da evolução. “Amanda, você é mais macho que muito homem” me diziam. De primeira até gostei desse merecido reconhecimento, ainda mais sob as palavras de Rita Lee, recitadas dessa mesma forma na letra da música Pagu, hino feminista. Entretanto, foi somente há pouco mais de 2 anos atrás que de fato entendi a melhor forma de atuar como mulher no mercado de trabalho. Não é reprimindo suas características femininas típicas, pela noção de que somente qualidades supostamente masculinas tem sucesso. Mas sim, sabendo usufruir de todos os seus atributos naturais. É essencial a qualquer ambiente de trabalho a existência de diferentes personalidades complementares, de modo que tanto o papel decisivo quanto o conciliador são essenciais para um bom time energético. Em verdade, para mim, a palavra que define TI é energia. O setor evolui constantemente, com mudanças instigantes, de modo que, cada vez mais, a área é a base do futuro de muitas senão todas as empresas. Entretanto, pelo simples fato não parar de funcionar, o trabalho e esforço também são intermináveis. A doação é integral e me sinto frequentemente consumida, por isso, o segredo é encontrar um equilíbrio. Além disso, não importa o quão difícil esteja o caminho, sempre existirão mentores excepcionais para te orientar, apoiar e desafiar em seu desenvolvimento. Desenvolvimento esse que é não somente individual, mas também coletivo na gestão de pessoas e no reconhecimento do impacto direto do serviço prestado como técnico na vida dos clientes. É com grande satisfação e orgulho que termino meus dias de trabalho. Portanto, basta ter brilho nos olhos e paixão pelo trabalho para poder desbravar e conquistar o universo crescente da tecnologia. Com o mercado sempre aquecido e aprendizados contínuos, sempre buscamos e temos evolução. É uma carreira apaixonante! Para saber mais sobre Amanda Fioretti Baccan, veja seu LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/amanda-baccan-19b75328/
Bruna Lucena – Gerente de Engenharia do Itaú Unibanco
“Quem trabalha com tecnologia tem o privilégio de fazer parte da evolução humana e digital” observa Bruna Lucena, Gerente de Engenharia do Itaú Unibanco Aprendiz por essência, desde os 15 anos já estava no Unibanco, me formando em um programa de aprendizado na área de TI. Mas a minha história com a tecnologia começou muito antes, ainda na minha infância, de um modo tão surpreendente quanto predestinado. Conheci, com não mais do que 10 anos de idade, a Célia, funcionária que trabalhou no Unibanco e, sobretudo, minha vizinha. Ela se tornou uma amiga, conselheira e inspiração para mim, a filha do zelador do prédio que vivia passeando por aí. Nas mágicas tardes que passava em sua casa, descobri um aparato tecnológico inovador que aquela culta mulher possuía: uma máquina de escrever. Observava tão meticulosamente cada batida da ponta do dedo de Dona Célia nas teclas que nunca esquecerei aquela cena. Essa memória invoca um ar de confiança e caminho ao sucesso através da evolução tecnológica, representado por aquela ilustre figura feminina forte, sendo inegável que Célia foi minha primeira grande inspiração a ser o que hoje sou. Ao longo do caminho, outros encontros foram despertando o interesse pela liderança feminina ainda na infância. Aos 10 anos minha madrinha, Ady, me levou para passar um dia em seu trabalho e eu vi aquelas mesas com computadores que já me despertavam um certo interesse por saber manusear. Simultaneamente à minha entrada no Ensino Médio, me deparei com o famoso jogo Counter-Strike (CS) e aprendi a baixar o console e mudar os parâmetros, analisando como simples configurações podiam influenciar drasticamente o meu desempenho. Em seguida, comecei a trabalhar informalmente em uma lan-house, o point da época para gamers, ajudando a montar redes, instalar softwares, etc., o que amplificou ainda mais meu interesse por games e tecnologia, diante de novas referências. Querendo ou não, toda essa bagagem foi essencial para que se abrissem as portas do programa de aprendizado em TI. Aprendi tudo e mais um pouco lá, com ótimos mentores, me esforçando para conquistar algo que não veio de bandeja, visto que meus estudos se resumiram ao arroz com feijão de uma escola pública e minha família nunca chegou até a faculdade. Eventualmente, comecei a colher os frutos dessa dedicação incansável e consegui uma bolsa de 100% para bancar o curso de Sistemas de Informação, foi quando larguei a pulga na orelha do sonho de criança de fazer artes cênicas, aceitei o desafio e me joguei de vez no mundo da tecnologia. Fui efetivada na área de TI do Unibanco. Hoje posso dizer que, com certeza, tomei a decisão certa. E que acerto foi esse. Quem trabalha com tecnologia tem o privilégio de fazer parte da evolução humana e digital, através da perspectiva comportamental e de criação de mecanismos práticos que transformam o relacionamento humano. O serviço de armazenamento de dados na “nuvem”, por exemplo, foi algo que revolucionou a vida de desde órgãos secretos do governo, até de pessoas comuns, como eu e você. Para aqueles na área da tecnologia, especialmente, foi um baita marco. Foi necessário mudar radicalmente todo o sistema de armazenamento de dados, agora sem um data center, o qual no Banco Itaú era o maior da América Latina. Isto posto, é evidente como a transformação deve estar também intrínseca no próprio profissional, o qual se propõe a um processo de aprendizado constante, capaz de se adaptar a mudanças abruptas. No entanto, vale ressaltar que tal aprendizado constante não é equivalente ao de um robô. A carreira em tecnologia especificamente para mim não tem um lado negativo em si, mas, assim como em todas as outras profissões, estamos diante de uma cultura empresarial ultrapassada. Não é raro nos depararmos com pessoas que trabalham 20 horas seguidas, seja por não terem dias de folga, seja por estarem no meio de um projeto crítico. Tamanho abuso empresarial infelizmente ainda é comum, mas cabe a nós mudarmos culturas, estruturas organizacionais e movimentarmos o mercado com o que acreditamos Não foi fácil chegar aqui, mas sempre tive em mente que a chave de sucesso nesse meio é estar sempre pronta para assumir novos desafios, não importa o quão difíceis pareçam ser. Se mantenha antenada e atualizada, ignorando somente aqueles típicos comentários a respeito do nosso gênero no diminuitivo, que todas estamos habituadas a receber. Felizmente, esse padrão está no caminho de uma ruptura, tornando-se cada vez menos recorrente o questionamento do nosso conhecimento, acentuado por aquele sutil vocativo: “mocinha”. Mas, se ainda acontecer com você, não desanime! Sonhe alto, sem medo de querer demais. Independente da sua origem, de um passado maravilhoso ou sombrio, o que realmente faz a diferença é o destino que você traça para si mesma e o quanto de energia que deposita para alcançar seus sonhos. Isso só depende de você! Para saber mais sobre Bruna Lucena, acesse seu LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/bruna-lucena-76812655/ Por Juliana Ribeiro
Ana Catarina Cavalcante Elizaur – Analista de TI do BTG Pactual
“Não focar nos problemas e sim nas soluções” é o lema da Analista de TI, do BTG Pactual, Ana Catarina Cavalcante Elizaur Sempre fui apaixonada por videogames. Quando pequena, passava horas sentada diante de alguma tela com o intuito de zerar o jogo da vez, superando qualquer obstáculo. Mal imaginava que meu passatempo predileto seria a porta de entrada à minha carreira em tecnologia. A expectativa de meus pais era que seguisse na área de administração, ou algum ramo mais concreto, entretanto, logo fui capturada pelo ramo tecnológico. Na época, estava começando a jogar Capture The Flag (CTF), o famoso pique bandeira virtual, quando notei que dominava uma “hard skill”, a de conquistar o prêmio, o que ampliou minha visibilidade no mercado. Atrelado a isso, participei também do programa Girls in IT, oferecido pela DXC Technology, cuja finalidade é inserir jovens mulheres no negócio, com ajuda e oportunidades inesquecíveis. Desde então, minha trajetória só foi evoluindo, através do estudo de novos softwares, como o Linux, o qual cheguei até a tirar certificado, além de contato com os mais diversos ramos. Este é provavelmente o lado mais positivo da carreira em tecnologia: a certeza de que todo dia você irá, sem dúvidas, aprender algo que ontem ainda não sabia. Concomitantemente, por esse mesmo fato, não é recomendável apegar-se somente a uma inteligência específica. A constante inovação pressupõe uma mudança e desapego sem mais nem menos, já que basta uma descoberta para derrubar todas as bases informacionais preestabelecidas. Lembro de quando houve o surgimento da Cloud, forma de armazenamento de dados em uma “nuvem”, sem necessidade de um aparato físico rústico. Do dia para a noite todos os hardwares se tornaram obsoletos e eu sofri quase uma desilusão amorosa, daquelas que não é culpa de nenhuma das partes, o cenário que simplesmente mudou. De certa forma, considero tal caráter inconstante da tecnologia como elemento intrigante e não negativo. Ao jogar videogames, não me encantava e me debruçava tanto pelo jogo que já vencia de primeira, mas sim por aqueles que apresentavam mais obstáculos. Há sempre algo de magneticamente atraente nos desafios. E, para mais, é divertido solucionar um problema considerando a variedade de caminhos possíveis. Cada um enxerga a seu modo o céu, e me divirto tentando desvendar o que é, para mim, o formato de certas nuvens tecnológicas. Aliás, diante dos desafios, vale ressaltar que “nunca desisti, fui teimosa para sempre persistir.” Ao longo da minha trajetória, me deparei com inúmeras dificuldades decorrentes da natureza de ser mulher, já que, só por esse fato, as pessoas supostamente se sentem no direito de questionar o seu conhecimento e experiência nos ambientes de trabalho, ainda que não restrito a esses. Além do que, nessa conjuntura, as mulheres muitas vezes até hoje recebem salários menores do que o de colegas homens na mesma posição. Mesmo assim, busquei sempre olhar para frente ao invés de remoer as dificuldades. Atualmente, sou formada em Segurança da Informação e trabalho como analista de TI no BTG Pactual, onde tenho a oportunidade de participar do Comitê de Mulheres, organizando eventos que promovam debates e solidariedade feminina. E, claro, não esqueci minhas raízes. Sou a fundadora da Comunidade virtual e independente de CTF, cuja finalidade é a inclusão de gêneros, pessoas e qualquer minoria qualitativa no universo dos games. Vale dar uma conferida no instagram @zero2flag que ensina a cyber segurança por meio do jogo que abriu meu caminho pela tecnologia. (https://www.instagram.com/zero2flag/) Para saber mais sobre Ana Catarina Cavalcante Elizaur, veja seu LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/aelizaur/ Por: Juliana Ribeiro
Kauanny Ferreira – Estagiária de Planning da TOPDesk Brasil
“Quando a tecnologia quer, ela é revolucionária”, assegura Kauanny Ferreira, Estagiária de Planning da TOPDesk Brasil Filha de pai engajado no ramo automobilístico, sempre achei que o meu futuro não estaria muito longe dos carros. No entanto, na primeira piscada à área da tecnologia, incentivada pelo projeto Girls In IT da DXC, não pude ignorar aquele batimento acelerado que revelou a minha verdadeira paixão. A iniciativa consistia na contratação de 11 jovens mulheres para serem inseridas no mercado de trabalho do campo tecnológico, garantindo todo o suporte e orientação necessários. O que posso dizer? Fui convertida! No começo, me vi em um universo totalmente novo e desconhecido. Não sabia coisas que hoje considero básicas e ainda tinha que lidar com situações de presença masculina predominante. Ao invés de remoer as invariáveis dificuldades, fiz uso da velha e infalível técnica de fazer do limão uma limonada. O resultado? Uma avalanche de conhecimento e aprendizado, mas foi justamente isso que me fez gostar ainda mais desse caminho, a crescente expectativa do que um dia poderia conquistar. A tecnologia é puro conhecimento e é revolucionária, e isso combina demais comigo. Seja pelo constante trabalho de pesquisa e inovação, seja através da descoberta de novos nichos a cada dia, as engrenagens desse carro informacional nunca param de funcionar. Ainda assim, o movimento nunca fica entediante, afinal as oportunidades de se encontrar, desvendar seu propósito, são infinitas, e isso é o que encanta. Não me entenda mal, sempre irão ter etapas desagradáveis e vários ramos do campo tecnológico que eu particularmente não me identifiquei com, mas o simples contato com estes foi essencial para que pudesse descobrir o que está no cerne de uma carreira de sucesso em TI: a adaptação. Essa ciência se renova a cada dia, sempre temos melhorias, lançamentos e descobertas, por isso é necessário saber se adaptar bem e, além de tudo, entender as mudanças. Não obstante, vale ressaltar que a tecnologia é revolucionária quando quer. A carreira na área infelizmente ainda é muito elitista e, como de praxe, misógina. No filme “Estrelas Além do Tempo” a tendência é clara: assim que se descobre que a pesquisa cientifica da NASA é lucrativa, as figuras masculinas capitalistas tentam se apoderar do protagonismo, mas, na verdade, na narrativa é o time das mulheres que foi imperioso às descobertas. Aos poucos, a realidade está se traduzindo à lógica do filme, de inclusão e investimento no feminino. Hoje em dia, na empresa TOPdesk Brasil, na qual atualmente trabalho, tive a oportunidade de dar um passo em direção a essa revolução. Desde o fim da minha trajetória no projeto Girls In IT, meu sonho foi realizar uma iniciativa semelhante, mas sabia que para isso iria precisar de alguns anos de carreira na bagagem. Entretanto, a empresa onde trabalho atualmente já me deu essa oportunidade e confiança. Apesar de ser uma estagiária de Planning, estou liderando um projeto de inserção meninas de baiza renda no mercado de TI, cujo início deve ser ainda em 2021. Em suma, minha trajetória foi e está sendo bem difícil, com muitos problemas pessoais e familiares no caminho, mas nunca pensei em desistir. Me encontrei na minha carreira, sou apaixonada pela minha faculdade, sendo sempre um prazer ao invés de uma obrigação acompanhar as aulas. Me alegro imensamente ao ver como meu trabalho afeta a vida das pessoas positivamente, ainda que através de apenas um clique, vídeo ou texto. E tomara que a minha história impacte a sua vida pelo menos um pouquinho para o bem! Nessa carreira encontrei oportunidades, confiança, apoio e união entre nós, mulheres. Você sempre achará alguém disposto a te dar as mãos para que desvende seu próprio caminho! Para saber mais sobre a Kauanny Ferreira, veja seu LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/kauanny-silva/ Por: Juliana Ribeiro
Carmen Fuhrich – Diretora de Pesquisa e Desenvolvimento da HP
“Talento é muito importante, mas esforço/dedicação também”, afirma Carmen Fuhrich, Diretora de Pesquisa e Desenvolvimento da HP Escolhi a área de tecnologia porque desde a época do colégio sempre gostei muito de exatas. Ainda no ensino médio, existia o que chamamos de profissionalizante e eu escolhi Processamento de Dados. Dentro deste curso, aprendíamos lógica, programação e desenvolvimento de software. Identifiquei-me tanto com tudo aquilo que quando fui fazer faculdade, encontrei na PUC o curso de Análise de Sistemas, que eu achei interessante por ter conteúdo de Administração e de computação. Acreditei que além de eu poder atuar na área de TI, complementaria meu desenvolvimento de uma forma mais ampla, conhecendo negócios também. Minha primeira experiência profissional foi ainda na faculdade. Trabalhei com um colega da universidade, em uma clínica de Radiologia, aqui em Porto Alegre. Fazíamos tudo que era relacionado a informática para a clínica, tentando automatizar o máximo possível e facilitar “a vida” de médicos, administradores e pacientes. Neste meio tempo, prestei concurso para a Procergs (Cia. de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul), e surgiu uma outra oportunidade de trabalhar na Edisa. Após entrevista, fui selecionada, e entrei num dilema: largar ou não a Procergs. Decidi ir para a Edisa que, depois de alguns anos, foi comprada pela HP. Nela, ao longo do tempo, atuei como suporte técnico a clientes, consultora de serviços, gerente de projeto, e várias outras, que me deram uma boa bagagem de conhecimentos e experiências, além de promoções, e na sequência a oportunidade de assumir uma posição de liderança. Estou na HP há 34 anos e, dentre os desafios que vivenciei e vivencio ainda hoje é me desenvolver e me manter atualizada. “Reinventar” é a palavra-chave que define a Tecnologia. E falando de desenvolvimento, um momento muito especial na minha carreira ocorreu quando fui indicada para fazer um curso em Stanford. Um programa que envolveu momentos presenciais em Stanford e muito trabalho remoto também. Me senti altamente reconhecida pelas minhas contribuições e motivada a contribuir ainda mais, pois a HP segue investindo e acreditando em mim. A carreira de tecnologia é fascinante, está sempre evoluindo e traz inúmeras oportunidades. É sempre tudo lindo? Claro que não, as vezes temos que trabalhar 24 horas por 7 dias, em função da responsabilidade que temos, mas no final é gratificante. A carreira de tecnologia para mulheres dentro da HP é cheia de oportunidades, mas independente de gênero, se você se dedica e quer aprender constantemente, tem growth mindset (mentalidade de crescimento), pode ter certeza que seus talentos serão desenvolvidos por meio de treinamento, estratégia, colaboração e networking. Você estará pronta para as chances que aparecerem no seu caminho. Costumo dizer que temos que acreditar em nós e ter a coragem de superar os medos e obstáculos, pois nem sempre estaremos 100% prontos para assumir uma oportunidade que se apresenta. Mas estas chances aparecem em determinamos momentos na nossa vida, e temos que aproveitá-las, na hora!! Medo de falhar, sim temos, e eu já tive muitas vezes, e posso dizer que às vezes sigo tendo, mas procuro me focar no que tenho que fazer para contribuir para o sucesso da HP e para minha realização profissional, colocando ideias em prática, buscando novas formas de fazer as coisas, trabalhando de forma colaborativa com os times, reinventando. Não há uma promessa de sucesso, mas uma coisa é certa: estamos sempre aprimorando nossas habilidades e crescendo! Tecnologia é algo necessário e está em constante expansão. É importante olhar o futuro e definir aonde você quer chegar. Procure dar sempre o seu melhor e não desista. Mesmo diante de todas as dificuldades pelo caminho, siga em frente atrás dos seus sonhos. Uma última mensagem, escrita por Paulo Coelho: “Quando menos esperamos, a vida nos coloca um desafio para testar nossa coragem e disposição para mudar; em tal momento, não faz sentido fingir que nada aconteceu ou afirmar que ainda não estamos prontos. O desafio não vai esperar. A vida não olha para trás”. Para saber mais sobre a Carmen Fuhrich, veja seu LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/carmen-fuhrich-81619014/
Milena Japyassú – Diretora de TI América Latina na Otis Elevadores
“Não existe isso de carreira para homem ou mulher, o que existe é garra, determinação e paixão pelo que faz”, declara Milena Japyassú, Diretora de TI América Latina na Otis Elevadores. Tenho 46 anos, mas iniciei na Tecnologia muito cedo, com 17 anos. Na época, tive influência de colegas e familiares, indicando que seria uma profissão com alta demanda no futuro. Quando comecei minha carreira em TI não vislumbrava toda a importância e impacto da profissão, mas com o tempo, percebi que foi uma excelente escolha, por ser uma área que está sempre à frente de mudanças, inovações e com muito dinamismo. Desde que comecei a estudar Processamento de Dados, ainda no Ensino Médio, eu não parei mais. Fiz cursos de Sistemas, Infraestrutura e Arquitetura Tecnológica, Design Thinking, Digital Marketing, entre outros. Sou Bacharel em Administração de Empresas, e fiz especialização em Gestão de Projetos, e também estudei programas de Liderança de Harvard, Executive LeaderShip Program de Pittsburgh University. Nesta área, é necessário manter-se atualizado com cursos em novas tecnologias, ferramentas e sistemas, além de metodologias. Quando conclui o Ensino Médio Técnico, iniciei a busca por estágio. A própria escola indicou empresas e acabei entrando como estagiária na Brastemp (hoje Whirlpool). Comecei como Suporte a Usuários e Rede de Computadores, que na época era a menor área em TI. Foi a melhor coisa que me aconteceu, porque comecei a trabalhar em um setor que não parou de mudar, crescer e adicionar novas tecnologias. Daí em diante, minha carreira foi se desenvolvendo em diversos aspectos, que enriqueceram meu background e visão de toda atuação tecnológica em empresas globais e diferentes segmentos. Mas no início da carreira, tive de conciliar a falta de experiência não só na TI, mas também a questão de trabalhar em uma empresa global grande e complexa e cursar faculdade ao mesmo tempo. Nesta época, estagiário executava a função de analista durante mais de 8 horas por dia. O trabalho não era aprender, era executar. Com o passar do tempo, fui vendo a dificuldade de ter sempre uma alta demanda e a sensação de estar devendo. Por mais que se implemente muitos projetos e inovações, sempre tem muito mais para fazer. Não que isso seja algo ruim, mas é um desafio priorizar as demandas certas, pois sempre haverá alguém insatisfeito. Na posição de liderança, é difícil encontrar profissionais qualificados para os projetos, estamos em constante turnover e aprendizado; skills de um ano ficam ultrapassados nos próximos. Mas vale ressaltar o lado positivo da carreira em TI. Poucos profissionais têm oportunidade de conhecer toda a operação de uma empresa. Cada projeto é diferente do outro, ao atender alguma demanda específica de uma área de negócio, é necessário aprender sobre o fluxo do processo para buscar melhor solução; garantindo experiências e enriquecendo o conhecimento. Outra possibilidade é a conexão multicultural com diversos países, uma vez que é comum a área de TI utilizar muitas soluções regionais e globais. Tem-se também dinamismo, por conta da maioria das atividades não rotineiras em constante mudança, adaptação e avanços. Com toda transformação digital e automações, a TI passou a ser parte integrante de decisões e soluções para alavancar os negócios, ajudando as empresas a atingirem e excederem seus resultados com soluções tecnológicas. Embora saibamos que nas estatísticas gerais existem mais profissionais homens do que mulheres em TI, acredito que em outras áreas profissionais também haja predominância masculina. Se pudesse dar um conselho para as meninas que querem seguir carreira em Tecnologia, diria que é preciso ter sede de aprender e ajudar a transformar o mundo. Saiba que dificuldades sempre vão existir. Eu por exemplo, quando tive meu filho, surgiram muitas dúvidas se deveria continuar com a carreira pela alta carga horária. No entanto, após um tempo, percebi que aquela adrenalina já fazia parte de mim e que a workaholic sou eu e não a profissão. Então voltei logo, e estou bem feliz. Ninguém é responsável por seus passos e suas escolhas em sua carreira, tudo é consequência dos seus esforços. Para saber mais sobre a Milena Japyassú, veja seu LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/milenajapyassu/
Ana Claudia Abreu de Menezes -Coordenadora de TI do Grupo Fleury
“A tecnologia está em constante evolução. Todos os dias temos algo novo a aprender e os desafios são contínuos”, conta Ana Claudia Abreu de Menezes, Coordenadora de TI do Grupo Fleury Você já ouviu falar nas Páginas Amarelas? Aquela espécie de livro enorme com telefones e anúncios de empresas. Parece um outro mundo, não é?! Mas esse foi um dos meus primeiros empregos. Eu era diagramadora de anúncios publicitários e foi lá que conheci a área de Tecnologia e tive o despertar pela profissão. Para mim, a escolha da carreira não foi uma tarefa fácil. É comum ter influência dos pais nesta fase, mas, no meu caso, minha mãe era uma enfermeira apaixonada pela saúde e este, definitivamente, não era meu dom. Quando adolescente, fiz diversos testes vocacionais e participei de workshops com profissionais de diferentes áreas, porém as dúvidas eram muitas e achei melhor não arriscar uma faculdade. Então, ingressei no mercado de trabalho. Primeiro, como digitadora no Colégio Etapa, depois, fui para a páginas Amarelas, quando iniciei meu contato com a TI. Gostei tanto do assunto que decidi fazer um curso técnico de informática no Senac. E lá tive certeza de que a tecnologia era a minha vocação. Aprendi a consertar computadores e configurar redes de dados e então comecei a atuar como free lancer, depois ministrei aulas em escolas de microinformática e posteriormente no Centro Paula Souza. Depois de concluir o curso técnico, fiz o vestibular para Sistemas de Informação na Universidade Presbiteriana Mackenzie e comecei a trabalhar para um provedor de internet, o UOL. Depois, consegui o tão sonhado emprego na IBM e comecei atuando como analista de suporte técnico de TI. Venho de família humilde e sempre precisei trabalhar para pagar a faculdade. Tive o apoio e incentivo da minha mãe, mas ela não conseguia me ajudar financeiramente. Todo o meu salário era dedicado a pagar a faculdade. Aprendi inglês sozinha (apenas com a base do colégio) e só consegui fazer curso em escola de idiomas com subsídio da empresa, que consegui por mérito de bom desempenho nas avaliações de performance. Meu maior desafio no início de carreira foi o aprendizado tardio do inglês. Aprender outro idioma em um momento em que eu já estava fazendo faculdade e trabalhando foi muito difícil, mas eu sabia que era essencial para meu futuro. Na IBM, desde o início me dediquei muito e fui promovida a líder de equipe logo após a minha efetivação e como já falava inglês atuei em contas globais e tive a oportunidade de fazer cursos de capacitação técnica nos Estados Unidos e Argentina. Atuei como líder técnico do suporte especializado da Lenovo, participei de projetos globais de implantação da metodologia Lean, atuei como Service Delivery Manager naveguei por diversas estruturas de suporte na IBM chegando a ser ponto focal LA em um dos últimos clientes que atuei. Sai da IBM em 2012 para atuar como coordenadora de TI no Grupo Fleury e hoje sou responsável pela gestão da área de suporte. Tenho uma equipe de 12 colaboradores diretos gerindo contratos com mais de 100 profissionais respondendo pelos serviços de suporte. Tenho sob responsabilidade um orçamento anual de cerca de 30 milhões. Atualmente, meu maior desafio é conciliar a família com a vida profissional. Depois que você casa e tem filhos, você não consegue mais se dedicar 100% como antes. Mas acho o ambiente de TI muito colaborativo e tenho apoio. As minhas 2 gestações foram marcadas por muito carinho da equipe. Fui cercada de mimos, cuidados e compreensão. As gestações foram ótimas, porém meu estado físico e emocional passou por muitas mudanças. No início eu tive muito sono durante o dia e, no final, tive inchaço nas pernas. No retorno ao trabalho, estava com raciocínio mais lento e as pessoas foram compreensivas e curtiram o momento comigo. A carreira de TI é prazerosa e recompensadora, mas temos que aprender a lidar com problemas todos os dias, portanto é necessário ter inteligência emocional. A evolução e transformação é exponencial e muitas vezes quando dominamos uma tecnologia ela já está obsoleta. Nesta profissão, a capacitação é fundamental. Não adianta “gostar de mexer com computador”, é necessário ter qualificação. A formação acadêmica é essencial e irá construir a sua base profissional. O domínio do idioma inglês vai abrir portas e auxiliar a alavancar sua carreira. Durante toda minha trajetória, fui inspirada por mulheres e fico feliz em seguir esse ciclo de influência. Meu conselho para as jovens que querem ingressar em Tecnologia é: Estudem, tenham sede pelo saber, seja autodidata – a área de tecnologia está em constante transformação e evolução e o estudo contínuo é essencial. Existem muitos cursos gratuitos disponíveis para vocês. Sejam proativas e tenham empatia – são habilidades importantes para qualquer profissional e quem as tem se destacam na área de tecnologia. Não olhem para as circunstâncias, foque na solução e no seu objetivo, tenha certeza do potencial que há em você. Você é capaz. Linkedin da Claudia: https://www.linkedin.com/in/ana-claudia-abreu-de-menezes-a225163b/
Melissa Cozono – Arquiteta de dados da Boa Vista
“A TI é transformadora, mas faltam referenciais para as meninas saírem do binômio casamento e casa”, explica Melissa Cozono, arquiteta de dados da Boa Vista Meu nome é Melissa, tenho 39 anos, e trabalho há 25 anos com TI em uma história cheia de altos e baixos, mas principalmente com muitos aprendizados que tenho a honra de compartilhar aqui com vocês. A família da minha mãe é de origem muito pobre. Dos seis irmãos, apenas meu tio conquistou um diploma superior de Engenharia Mecânica. Esse tio, aliás, foi minha principal referência e incentivo para ingressar na área de tecnologia. Ele via que meu irmão e eu tínhamos facilidade para mexer com computador, porque jogávamos muito videogame em casa. Quando tínhamos uns 14 anos, minha mãe trabalhava como gerente de uma escola de informática famosa na época, a Data Control. O coordenador a incentivou colocar meu irmão e eu na tecnologia. Então, eu comecei a cursar Corel Draw, Photoshop, e trabalhei na Secretaria de Ensino da escola. Cheguei ao ponto até de dar aulas. Comecei meus primeiros passos na programação aos 16 anos. Estudei também com meu irmão montagem de computador. Não tinha o intuito de ganhar dinheiro, era apenas para divertimento e aprendizado. Mas tivemos problemas financeiros em casa e eu comecei a trabalhar como suporte técnico para ajudar. Com mais ou menos 20 anos, fui trabalhar no suporte técnico do Unibanco 30 horas. Trabalhei também em uma Central de Atendimento que não tinha quase mulheres. Minha primeira referência profissional feminina foi minha professora de lógica de programação em C na FASP, uma faculdade muito boa que, infelizmente, não existe mais. Ela era formada em Física, mestranda e trabalhava no Laboratório da USP. Foi com ela que eu realmente me tornei profissional de tecnologia. Meu ex-marido também trabalhava na área e éramos parceiros, mas quando fui trabalhar na mesma consultoria que ele, percebi que era a sua sombra e não tinha um brilho próprio. Tinha a “síndrome da impostora” e isso me atrapalhou muito. O que sempre me ajudou foi a minha competência técnica. Nisso, eu era uma das melhores em todos os lugares por onde passava. No início de 2009, recebi uma oportunidade para ser gerente da área de Qualidade de Dados em uma Telecom. Depois de uns anos, eu ocuparia o lugar de um gerente que já tinha um histórico muito forte de assédio moral. Nessa troca de cadeiras, fui demitida e ouvi a frase de que “eu era mulher, e lugar de mulher é na cozinha”. Abri reclamação no comitê de ética, mas não tive resposta, porque já não era mais funcionária. Neste período, o CEO da Telecom que saiu de lá e me levou junto para fazermos integração sistêmica em uma outra empresa. Estava bom, mas eu trabalhava 16 horas por dia. Estava obesa, pré-diabética, deprimida. Meu marido me propôs parar. Foi quando viajei para os Estados Unidos acompanhando meu companheiro, mas voltei para o Brasil em 2015 já separada. Tentei empreender, mas não deu certo. Reencontrei meu primeiro namorado e acabamos nos casando. Comecei a trabalhar no SPC Brasil como Administradora de Dados. Lá, conheci mulheres, colegas de trabalho, começamos a nos juntar e ter essa relação de referência feminina. Fiquei grávida nesta época, e após ter tido minha filha prematura, com várias complicações, comecei a ver a quão forte e capacitada eu era. A maternidade me mostrou uma faceta minha que eu não conhecia. Depois, fui chamada para trabalhar no Fleury. Fiquei grávida novamente e pensei que seria demitida. Mas fui muito bem recebida! Ter um ambiente acolhedor nas empresas para mulheres faz toda a diferença. Atualmente sou arquiteta de dados na Boa Vista e estudo Ciências da Computação, curso este começado muitos anos atrás na FASP. Formo-me ano que vem em Tecnologias de Big Data e planejo fazer mestrado em Dados. Quero também poder ensinar e ajudar outras meninas a desenvolver a parte lógica, e principalmente aconselhar “não acreditem no que falam, somos mais do que isso”. Percebam quantos “nãos” tomamos por ser mulher. A falta de referências, a inibição do seu brilho próprio, faz parte da vida das meninas principalmente nas famílias mais pobres. Elas não têm visão de que a mulher pode escolher não casar e ter filho cedo, que pode e deve ser algo mais, fazer faculdade, ter uma profissão. Temos que mostrar ao mundo que precisamos sim de mulheres na TI, elas são boas em exatas, elas podem ser mães, podem o que elas quiserem. Nós somos diferentes, enxergamos o mundo plural, nossos trabalhos, nossas famílias, nossos filhos, nos impelem a ser melhores e colaborar para uma sociedade mais justa. Para saber mais sobre Melissa Cozono, veja seu LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/melissacozono/
Samantha Martins – Diretora de tecnologia da Iguatemi
“Lidamos mais com pessoas do que com tecnologia e essa é a parte encantadora da profissão”, conta Samantha Martins, diretora de tecnologia da Iguatemi Meu pai é economista por formação, mas, depois que eu nasci, ele descobriu a Tecnologia. Então, imagina. Eu convivi com computadores desde muito cedo, numa época que eram raros PCs em casa. Sempre me encantei por esse universo e todas as suas possibilidades. Na época do vestibular, apliquei e passei em dois cursos. Cursava Economia na UFRJ e Análise de Sistemas na PUC/Rio. No primeiro ano de faculdade fui convidada por um professor da PUC para trabalhar com ele em uma Consultoria de Automação Industrial e lá fui eu. Era a primeira funcionária da área de TI. Todos os demais consultores eram engenheiros, dedicados a construir lógica para sensores e atuadores de Linha de Produção em CLPs (Computador Lógico Programável). Meu papel era trabalhar os dados que podíamos extrair das Linhas de Produção. Assim, atuei em projetos de empresas como Brahma, CSN, White Martins, Natura, Souza Cruz. Me identifiquei desde cedo com o trabalho de consultoria – conhecendo business diferentes a cada projeto, entendendo as suas dores e precisando criar uma solução nova. Por causa do trabalho, não consegui conciliar a faculdade de Economia e abandonei o curso depois de dois anos. Até porque já sabia que era Tecnologia o caminho que eu gostaria de trilhar. Diferente dos dias de hoje, quando comecei não era fácil complementar conhecimento e desbravar áreas novas. Os cursos disponíveis eram normalmente longos e caros, e os livros eram muito técnicos. Também não havia networking. Por ser a única consultora de TI, não tinha com quem trocar informações. Muitas vezes tive que recorrer aos meus professores da PUC para me aprofundar em Dados, Automação e novas tecnologias. Sempre gostei de trabalhar mais com as áreas relacionadas ao desenho das soluções, e menos com as áreas de operação. Numa determinada fase da minha carreira, passei a sentir falta de continuidade nas consultorias, então migrei para o outro lado da mesa e virei cliente. E aí, os maiores desafios passaram a ser a dinâmica corporativa, a cultura da empresa, ou a atitude do time de tecnologia. Se tem uma palavra que define essa carreira é Possibilidades. Ela tem tantos universos que é possível se reinventar diversas vezes. Também porque você pode olhar para um problema de negócio e traçar várias soluções possíveis com recursos diferentes. Sem falar que não existe possibilidade de resolver os problemas complexos que a humanidade tem hoje sem o uso da tecnologia. Por outro lado, acredito que por muitos anos a área de tecnologia foi vista como centro de custo nas empresas e, como tal, tinha que buscar eficiência máxima para reduzir orçamento. Além disso, ou talvez por causa disso, as equipes de tecnologia foram ficando reativas. Ainda vejo uma separação – ou um conflito – entre TI e as demais áreas, impactando iniciativas de negócio, fomento de inovação, e adicionando complexidade à transformação digital dessas empresas. Para mim, a tecnologia é desafiadora, estimulante, e muito enriquecedora. Essa profissão me abriu muitas portas e janelas, adquiri jogo de cintura, olhar de floresta, habilidade de comunicação, negociação e influência. Lidamos muito mais com pessoas do que com tecnologia e, no final do dia, essa é a parte encantadora da profissão. Recentemente eu contratei dois autistas para minha equipe na Iguatemi. Meu maior objetivo era ajudar a incluí-los, mas a verdade é que eles resgataram minha equipe. Além de suas habilidades técnicas, são dois rapazes muito especiais, que foram adotados por todos, e ajudaram a criar uma equipe muito mais colaborativa, integrada e humana. Para as meninas que querem seguir carreira em tecnologia, o meu conselho é: se joguem! Corram atrás dos seus sonhos. E podem contar comigo! Para saber mais sobre Samantha Martins, veja seu LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/samanthalmartins/